
Tarde de sol e de regresso ao ativo para mais um inicio de época no domingo, 6 de Abril, em Salvaterra de Magos. A estreia da ganadaria de Alves Inácio era mais um dos aliciantes desta corrida do Tomate mas nem por isso a parceria Vasco Dotti/Tauroleve veria mais de meia praça composta o que convenhamos é pouco para esta tarde que convidava bastante uma ida aos toiros.
O Grupo de Vila Franca perfilou-se em praça juntamente com o Grupo de Évora para as pegas desta corrida e se na verdade não foi um dos melhores dias para os Eborenses o mesmo não se pode dizer da atuação do Grupo de Vila Franca, com oportunidades agarradas, boas pegas e um final triunfante numa pega de antologia ao “toiro da pega” nesta corrida.
Os toiros saíram com alguma presença em praça, bom tipo e a cumprir, não se afastando muito de uma linha que respondia às provocações, sem grandes tendências de tábuas e empregando-se quando castigados, nobreza sem dureza excessiva, demonstrando no geral que esta ganadaria tem pernas para andar.

Abriu a atuação dos Vilafranquenses para a cara o forcado António Faria que brindou ao ganadero estreante desta tarde.
Mostrou-se bem ao toiro no cite, carregou no momento certo e embora o passo inicial a recuar tivesse dado o alerta para o perigo que o piso escorregadio e enlameado representava, o António logo se apercebeu e corrigiu de imediato, não se dobrou com perfeição mas reuniu com a vontade que um forcado que abre a primeira atuação da época deve demonstrar, convidando o grupo a seguir-lhe o exemplo para o resto da atuação. O “Manu” ajudou com a vontade e eficácia habitual, sendo secundado em bloco pelo resto do grupo numa boa pega.

Para o quarto toiro da tarde, o forcado da cara escolhido pelo cabo foi o David Moreira “Canário” que estava empenhado em recuperar a excelente imagem que demonstrou há duas épocas e pode-se dizer que a tarefa lhe saiu de feição. Demonstrou calma em tudo o que fez em frente ao toiro e a gana que lhe faltou no momento certo de carregar acabando por dar a primazia ao toiro, demonstrou depois na reunião onde se empregou e fechou-se com convicção numa viagem sem sobressaltos até ao Ivo Carvalho e ao restante grupo já junto às tábuas que mais uma vez presenteou o cara com um bloco coeso. Não faltaram vantagens dadas nesta pega que resultou muito bem.
Para o fim estava guardada uma “estampa” de toiro acima dos 550 kg que desde o início demonstrou maior seriedade, sentido e poder que os restantes. Tudo indiciava ser o “toiro da pega” e foi mesmo!

O cara escolhido foi o Rui Godinho e em boa hora o foi. Começou por brindar a 3 grandes forcados do Grupo de Vila Franca, os irmão João, José e Diogo Dotti, verdadeiros símbolos desta instituição. Não consigo encontrar a mínima imperfeição nesta pega que teve um grau de dificuldade elevado, a começar pelo comportamento tardio em investir por parte do toiro que obrigou o Rui a ir buscá-lo a terrenos de compromisso, “sacou-se” de modo exemplar aguentando o ensarilhar do toiro a ponto de sentir o roçar dos pitons no peito e fechou-se exemplarmente no momento certo chegando ao grupo perfeitamente trancado. O João Maria Santos esteve perfeito no seu papel e o resto do grupo fechou com chave de ouro uma atuação exemplar, a demonstrar estar claramente num patamar de forma elevado, coeso, cheio de vontade de pegar toiros e perfeitamente ciente do que é estar em praça e do papel de cada elemento no bloco. Nesta pega o toiro rompeu pelo grupo dentro mas teve sempre mais que um forcado a ajudar o cara que nunca ficou a descoberto. Assim se pega, assim se ajuda.
No final o Rui Godinho acabou por ser justamente premiado com um prémio atribuído à melhor pega desta tarde.
O jantar na nossa amiga Rosa foi como habitualmente um esmero no serviço e simpatia com que sempre somos recebidos e dentro do ambiente habitual com muitos líquidos a vaguear pela sala e algumas idas repentinas para largar algum “lastro”, demonstrando que alguns forcados ainda estão mais à vontade dentro da praça do que perante um copo/balde cheio. Enfim, sintomas de inicio de época certamente.
Paulo Paulino “Bacalhau”