
Foi com o céu ensombrado por algumas nuvens ameaçadoras que se deu início á função na Praça de Toiros das Caldas da Rainha. Foi com esse mesmo céu que deixou de ser ensombrado para passar a ser diluviano que se encerrou a função a meio do espectáculo. Chuva não joga com Corrida de Toiros e na verdade, além do desconforto inerente á situação, acabava por se tornar imprevisivelmente perigoso continuar a lidar e a pegar toiros naquelas condições, principalmente pelas dificuldades que o piso escorregadio e pesado estava a criar, com tendência a piorar.
Ainda assim, houve tempo para se lidarem 3 toiros da ganadaria Luís Sousa Cabral, com peso e idade, a cumprirem na generalidade e que acabaram por deixar no ar um sabor “a pouco”, já que o espectáculo em si estava a decorrer de modo agradável.
O Grupo de Vila Franca pegou o 1º toiro por intermédio de Ricardo Patusco que esteve irrepreensível do princípio ao fim, com o Grupo a colaborar no sucesso da pega, ao nível do cara. Tratava-se de um toiro de boa presença mas algo diminuído das mãos e sem muito fulgor nas investidas, o que proporcionava a possibilidade de se defender com derrotes a tentar libertar-se o forcado da cara. O Ricardo conseguiu alegrar a investida do toiro (mais do que o esperado) e no local onde ele mais se defendia, o centro da praça, aguentou o suficiente para ser prontamente e eficazmente ajudado pelo bloco de ajudas que o precedia. Excelente pega, a tornar fácil o que aparentava dificuldades.
Após alguma ausência por motivo de lesão, voltou o Bruno Casquinha a sentir o “cheiro” de um toiro. Perante um toiro que tardava em interessar-se pelo cara, nomeadamente pela distracção que o bandarilheiro entre tábuas lhe estava a proporcionar, o Casquinha foi subindo, acabando por ultrapassar a zona conveniente para poder tirar o partido máximo da investida do toiro. Ainda assim, sacou-se com a prontidão necessária para consumar uma pega que pecou apenas pela falta de brilho, visto que o toiro (e também o bandarilheiro) não ajudou, do principio ao fim da pega a que tal sucedesse. Apenas foi aos médios agradecer com o cavaleiro, já que estava na hora de bater em retirada da praça e da incómoda chuva que não parava desde o 1º toiro.
O inevitável jantar alusivo ao evento foi no restaurante “O Cortiço”, muito bem servido, com as “bandeiradas” e discursos da ordem, decorrendo (quase) tudo dentro da normalidade. Este “quase” é apenas uma chamada de atenção a algumas ausências notadas. Ser forcado de um grupo não começa e acaba com o facto de se fardar para participar numa corrida de toiros com uns amigos, é uma maneira de estar na vida, haja ou não corrida, tenha ou não estado fardado.
Paulo Paulino