Cartaxo, 11 anos depois…


O Grupo de Vila Franca regressou ao tauródromo do Cartaxo após um hiato que durava desde 2007, numa altura em que a temporada ainda “encerrava” oficialmente no dia 1 de Novembro.

Em boa hora a empresa “Tauroleve” concedeu ao Grupo a oportunidade e prazer deste reencontro que foi encarado com a seriedade necessária e independentemente de não se ter obtido uma atuação redonda, tal acabou por ser ultrapassado por um comportamento misto de experiência, garra, classe e valentia, contrapondo pontuais detalhes técnicos de coordenação menos conseguidos quando se aposta em valores emergentes e compreensivelmente ainda não tão experientes.

A noite foi brindada com uma excelente temperatura para se assistir a uma corrida de toiros, embora tal apenas tenha sido fator para mobilizar pouco mais de meia casa.

Abriu praça como forcado da cara o Rui Godinho. O toiro de António Silva tinha trapio, cumpriu bastante bem na lide apesar de alguma tendência a defender-se devido a fatores de mobilidade mas possuía o génio encastado caraterístico desta ganadaria, defendeu sempre a zona de intervenção adiantando-se a rasgos mas nunca se refugiou do desafio em eventuais querenças.

O forcado da cara, após os bem toureados cite, mando e temple, recebeu uma entrada a defender-se do toiro que resultou que o Rui perdesse a possibilidade de lhe encher a cara. Por tal facto, a viagem grupo dentro foi irregular e descompôs um pouco a formação mas a pronta recuperação do Diogo Duarte (que estava nas primeiras) e o modo como se acomodou a toiro e forcado da cara que efetuava a viagem a tentar subir permanentemente pelo toiro, deram o apoio necessário para que o resto do grupo também viesse a recuperar de imediato. É o tipo de ajuda que mostra que, ter “sítio” numa pega, abrange (entre outros fatores) ter perceção, rápida capacidade de análise e decisão, independentemente de um qualquer fator aleatório criar uma situação menos esperada, tudo isto em vários pedaços que duram frações de segundo.

A segunda pega da noite, teve como protagonista da cara o forcado Pedro Silva. O toiro encaixou-se na mesma linha do que abriu praça, não tão espontâneo mas também cumpridor e de bom tipo.

O Pedro esteve com a calma que o carateriza e foi nesses modos que encarou o que havia a fazer logo que o toiro investiu. Assistiu-se a uma reunião perfeita, o toiro a derrotar na viagem um forcado bem fechado e o grupo com uma coesão intocável a fechar bem o que se pode intitular como uma das pegas da noite, tal o rol de bons detalhes ocorridos. O Pedro Silva confirmou a continuidade do seu bom momento, teve uma técnica acima da média e soube compreender e aproveitar o toiro para “sacar” uma pega que encheu a praça, neste caso, coadjuvado por um grupo onde a atitude de grande solidariedade e eficácia fez tudo resultar com naturalidade.

Para a pega que encerrou a atuação do grupo, saltou para ir à cara o jovem forcado Guilherme Dotti. O toiro, de linha Sommer, já não teve a “honestidade” caraterística de um Silva, sendo inclusivamente o mais reservado da noite, o que mais refúgio em tábuas procurou, grosso modo, não era um toiro de “leitura” muito linear.

Na 1ª tentativa, o Guilherme foi buscar o toiro que ainda teve uma entrada espontânea, bem recebida pelo forcado, mas que chegou às tábuas sem o necessário “peso” e não perdoou. A partir da 2ª tentativa, o toiro mostrou uma curva de aprendizagem superior ao grupo e acabou por ser resolvida a questão numa frustrante 5ª tentativa onde o Guilherme nunca fez má cara e cresceu para o toiro em cada tentativa falhada. Esta pega valeu sobretudo pela atitude, do cara e do grupo, que apesar de tardiamente tomou a questão a peito acabando por impor valentia e vontade em detrimento da técnica.

Destaque pela positiva para a presença na teia de forcados novos que receberam a confiança do cabo para fardar e ajudar em praça (o mais certo é terem-na merecido pelo comportamento durante a época de treinos) e que cumpriram integralmente com a responsabilidade do momento sempre que chamados, gerando oportunidades aproveitadas.

Próxima estação Vila Franca de Xira, temos Colete Encarnado!

Paulo Paulino “Bacalhau”

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