A grande noite do João Pedro “Petróleo”


A Palha Blanco recebeu na terça-feira 7 de Outubro uma corrida de toiros com um simbolismo acima do valor de uma qualquer corrida de toiros. É a terça-feira noturna da feira de Vila Franca, a noite de exaltação do forcado como é uso definir-se há alguns anos. Mas esta foi diferente, não só pelo que representa para muitos aficionados, Vilafranquenses ou não, pelo ambiente criado por uma envolvência especial. A família Levezinho abandonava os comandos da praça com um saldo bastante positivo que certamente deixa gratidão e saudades aos apreciadores de corridas de Toiros de verdade, o nosso grande amigo Ernesto Manuel cortava a coleta após uma vida de luzes bordada espalhando conhecimento e simpatia por onde passava e o nosso “Petróleo” iria despedir-se como forcado no ativo, após uma carreira de 22 épocas a servir o seu Grupo de sempre e para o qual faltam os termos que traduzam a sua grandeza como pessoa e forcado inteiramente dedicado ao Grupo de Vila Franca.

Alguns amigos, cúmplices de tardes e noites mais longínquas, tiveram o privilégio de estar fardados a seu lado nesta noite de despedida, para além daqueles forcados no ativo que o Cabo entendeu merecerem tomar parte na corrida que, independentemente do grau de dificuldade, é sempre a corrida mais representativa para qualquer forcado do Grupo de Vila Franca.

Na primeira parte da corrida foram lidados três exemplares de Victorino Martin e na segunda parte, dois exemplares de Pinto Barreiro e um de São Torcato, este a substituir um terceiro Pinto Barreiros que entrou fisicamente diminuído em praça e cedeu o seu lugar ao sobrero. A nível de presença dos toiros, a corrida deixou a desejar em relação ao que a empresa nos habituou durante a sua gestão, pese embora os toiros da segunda parte estarem ao nível do que a ganadaria Pinto Barreiros usualmente apresenta, mas os exemplares da primeira parte, sinceramente, não eram toiros para saírem na Palha Blanco. Quanto ao comportamento, apenas destaco os 2 toiros Pinto Barreiros, bravote o quarto toiro, mais sério e bravo o quinto toiro. No que toca a toiros, tudo o resto não merece o mínimo destaque.

O Bruno Casquinha teve a “fava” da corrida logo na primeira pega. Teve de ir três vezes à cara do toiro, com culpas repartidas. Se o toiro não era fácil e apresentava uma entrada dura, o Casquinha teve oportunidade de corrigir esse comportamento mandando e sacando-se com maior vigor e oportunidade. Ainda assim, foi uma “guerra” que o forcado ganhou com o Grupo a ter de puxar dos galões na terceira tentativa.

Para o segundo toiro, o cara Pedro Castelo teve a tarefa mais facilitada no que toca ao comportamento do toiro e a perfeição com que efetuou esta pega, a todos os níveis, encarrilou o Grupo para uma noite exibicionalmente mais tranquila.

Para fechar a primeira parte, o cara foi um dos forcados que esta época fez por merecer estar a pegar nesta noite, o António Faria. Este perfeito a todos os níveis, na linha do que havia feito no Domingo de Feira. Mandou no toiro e fechou-se exemplarmente com o Grupo a ajudar com excelência. Mais uma grande pega deste jovem valor.

A abrir a segunda parte, saiu o toiro do Petróleo. Estava feito à medida para uma pega que representava o final de uma carreira de sucesso de um forcado que se destacou durante muitas épocas como primeiro ajuda mas que fez questão em despedir-se do ativo a pegar de caras. A banda tocou. O Petróleo esteve correto em quase tudo na primeira tentativa, apenas não recebeu com perfeição e acabou por ficar fora da cara pelo que teve de confirmar numa segunda tentativa. E confirmou da melhor maneira, recebendo já com perfeição, aguentando uma viagem onde o Grupo fechou bem para ouvir a ultima contagem do Petróleo. A volta foi emotiva e teve também a cumplicidade de outro momento emotivo, com o António Telles a cortar a coleta ao Ernesto Manuel.

O quinto toiro foi o mais sério da corrida, analisado do ponto de vista dos forcados. O Cabo fez questão de pegar para poder brindar a pega ao Petróleo e o que se seguiu foi um compêndio de como se deve pegar um toiro em que a perfeição e garra foram as atitudes mostradas na arena pelo toiro, pelo forcado da cara e pelos ajudas que culminaram com uma perfeição impressionante a pega da noite. O Emanuel Matos “Manú” foi muito justamente chamado a dar volta com o Ricardo Castelo, mas arrisco-me a afirmar que não escandalizava uma ida do Grupo a gradecer nos médios.

Para fechar a noite, um forcado da cara de absoluta confiança, o Rui Godinho. Precipitou-se na primeira tentativa onde notou uma vontade de investida inexistente no toiro e pagou por isso, mas na segunda tentativa esteve impecável e com a ajuda do Grupo fechou com chave de ouro uma noite que não sendo perfeita, esteve sempre nivelada por cima no capítulo das pegas.

O restaurante “O Forno” foi o local escolhido para um dos melhores jantares do ano, certamente o mais emotivo de todos, onde várias foram as personalidades a demonstrar por palavras e atitudes o quanto estavam gratos pelos exemplos recebidos deste grande Forcado João Pedro Bento “Petróleo” ao longo da sua carreira no Grupo de Vila Franca.

Paulo Paulino “Bacalhau”

Partilhar:

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp