A história desta corrida resume-se a um conjunto de rijas pegas.
Podería ficar por aqui e a estaria dito o fundamental, mas vou contar algo mais.
O curro de Fernandes de Castro foi pouco mais que péssimo, sem classe, sem bravura, alguns sem visão, pouco colaborantes nas lides e ásperos nas investidas contra os forcados na sua maioría. A esquecer este curro.
A praça apresentava uma moldura humana fraquinha, com pouco mais de 1/3 de praça, o que numa praça como a de Salvaterra é manifestamente pouco. Talvez o facto da data escolhida não possuir tradição nesta praça justifique parcialmente, mas penso que o dia em si também não era dos melhores, fim de férias para muitos, inicio de férias para muitos mais.
Quando as pessoas assistem a uma corrida, pagam o seu bilhete para assistir a um espectáculo, não estão própriamente numa prisão nem deverão estar sujeitos a “levar” com o que lhes impingem dentro da praça. Já é de certo modo abusivo o constante circular de queijadas e bebidas, praça fora, com os nossos pés a a visão do espectáculo como principais vítimas. Agora mais abusivo é o espectador necessitar de sair momentâneamente da praça e a única alternativa é um “não há senhas de saída, quem sai já não entra”. Ou seja, no meu caso pessoal, ou bebia a cerveja estragada que se vendia na praça (inadmissível e verídico) ou passava sede. Optei pela sede.
Ainda assim, houve pegas do Grupo de Vila Franca.
Na 1ª pega da noite o Ricardo Patusco cumpriu com o que era exigido e esteve perfeito frente ao toiro que na verdade não apresentava dificuldades de maior e o grupo seguiu o exemplo, ajudando bem. Certo no cite, a carregar na altura adequada, alegrando o toiro que partiu de imediato e a recuar o necessário, antes de se fechar à cornea, sem problemas.
Na pega do 3º da noite, já mais bruto e com 5 anos, foi à cara o Márcio Francisco. O toiro como se esperava entrou com pata com uma mangada para o ar que o Márcio recebeu perfeitamente, já práticamente fechado, mas não contava era com a imediata mangada para o lado que literalmente disparou o Márcio para fora da cara. Se tem aguentado aquele derrote, não tenho dúvidas que ía ser a pega do ano. Na 2ª tentativa já se sacou melhor e acabou por “amaciar” a impetuosidade do toiro. O grupo ajudou com perfeição desde o 1ª ajuda, as 2ªs e as 3ªs bastante oportunas e o rabejador a entrar bem, numa pega que resultou positiva.
Por último, o Flávio Henriques “Mouguelas” teve pela frente um toiro “mal visto” e que entrava bruto e a sacudir de imediato o forcado da cara, o que conseguiu nas 2 primeiras tentativas. Acabou por ser pegado à 3ª, com ajudas mais em cima e com muita garra de todo o grupo. Foi uma excelente exibição a nível de conjunto, com a agravante de o Moguelas já estar físicamente diminuido desde a 1ª tentativa e que mais tarde se veio a saber, havia deslocado a clavícula e o ombro saltou do sítio. Esperam-se rápidas melhoras para um forcado perseguido por azares deste tipo há alguns anos.
Bom ambiente no jantar, com muitas presenças de gente conhecida o que prova que o Grupo está a ser acarinhado e que o ambiente é propício a que as pessoas apareçam.
Paulo Paulino “Bacalhau”