A corrida mais carismática do Grupo de Vila Franca em cada época, a tradicional Terça Feira Noturna iniciou-se com 3/4 de casa preenchida, tendo, durante as cortesias sido guardado 1 minuto de silêncio em honra do grande Vilafranquense, recentemente falecido, Júlio Pereira “Pitorrilha”.
Um curro de Palha esperava o Grupo de Vila Franca, numa corrida que também celebrava os 80 anos de fundação deste grande Grupo.
Os toiros saíram na generalidade mansos encastados, alguns a crescer durante a lide mas quase sempre sérios e duros e ainda com pesos a oscilar entre os 485 e os 525 Kg. Também os forcados não tiveram a exibição redonda que ambicionavam nesta noite. Foi uma boa exibição, apesar de tudo, numa noite com algumas duras pegas mas onde a habitual “quase perfeição” não esteve presente, tendo havido uma ou outra falha que provocaram, arrisco-me a dizer, talvez a exibição menos conseguida desta época mas que ainda assim não duvido que tenha sido uma época das mais positivas e brilhantes da ultima década do Grupo de Vila Franca, encerrada nesta noite, com bastante dignidade e valor numa corrida que não saiu facilitada pelos toiros.
Adjetivos à parte, todas as pegas de caras (5) foram efetuadas à 2ª tentativa, resultando a cernelha à 3ª entrada.
No 1º toiro, o Rui Graça (que bridou ao céu, numa alusão ao “Pitorrilha”) só na 2ª tentativa recebeu bem o toiro que bateu forte mas foi também muito bem ajudado, consumando uma bela pega. Na tentativa inicial recebeu de modo imperfeito, mas por pouco os segundas ajudas conseguiam chegar ao cara e certamente a pega resultaria, mesmo com as imperfeições apontadas.
Para o 2º toiro, o cabo optou pelo seu irmão Pedro Castelo que brindou à Madrinha do Grupo de Vila Franca, Dona Maria Victória Lopes. Após uma reunião dura numa tentativa onde não teve a oportunidade e espaço necessários para se sacar ao toiro que ensarilhou, emendou-se excelentemente na 2ª tentativa e contou com ajudas superiores de todo o Grupo com realce para o Tiago Oliveira “Salsa” que muito justamente teve chamada a dar volta com o forcado da cara no final.
A 3ª pega da noite foi para o Ricardo Patusco que celebrou neste dia um marco importante ao pegar o seu centésimo toiro da carreira e resolveu por isso dedicar a pega a todo o Grupo de Vila Franca. Não aguentou o suficiente na 1ª tentativa e o toiro já o procurou numa reunião que acabou por ser imperfeita resultando que o Patusco não se fechou devidamente e saiu. Na 2ª tentativa emendou tudo isto e arrancou uma excelente pega, na linha das grandes pegas que nos habituámos a ver, vindas deste grande forcado.
No intervalo da corrida, um momento especial em que foram chamados à arena atuais e antigos forcados do Grupo presentes na praça, tendo a Madrinha do Grupo distribuído uma rosa a cada elemento, numa homenagem aos 80 anos de fundação do Grupo de Vila Franca.
Iniciou-se a 2ª parte da corrida e para pegar o 4º toiro, o Márcio Francisco teve de estar quase perfeito em frente a um toiro que tinha uma investida bruta e que não perdoava a mínima imperfeição. Na 1ª tentativa entrou para fazer mal e o Márcio foi prontamente desfeiteado, mas na 2ª tentativa, o forcado esteve acima do oponente, assim como o bloco formado pelos ajudas que mostraram o porquê de este ser considerado o Grupo que melhor ajuda no País.
O 5º toiro foi para a cernelha, através do João Maria Santos e do Carlos Silva que brindaram à Presidente da Câmara de Vila Franca. Devido à impossibilidade de o toiro encabrestar, esteve sempre atento a tudo o que se passava à sua volta, principalmente aos forcados e sempre longe das tábuas, a dupla teve de arriscar uma primeira entrada que não resultou de todo. A segunda entrada foi excelente, muito oportuna e valente e deu o que se chama uma “batalha” entre toiro e cernelheiro, com o Carlos em plano superior no “leme”. O toiro, sempre muito ágil e duro, acabou por levar a melhor nesta heroica tentativa. Na 3ª e definitiva entrada, a dupla de cernelheiros esteve mais uma vez excelente e venceu finalmente o oponente sob o aplauso generalizado de quem estava na Palha Blanco.
Para o 6º toiro, após brindar ao grande amigo do Grupo e empresário da Palha Blanco, Ricardo Levesinho, foi para a cara do toiro o Bruno Casquinha. Após uma ligeira hesitação momentos antes de reunir, o toiro arrancou para não perdoar e proporcionou uma reunião dura em que o Casquinha nunca teve hipótese de se fechar e quando tentou recuperar já numa trajetória em que o toiro fugia ao Grupo, acabou por se lesionar num momento de infelicidade com uma das lesões que mais vão ocorrendo nos dias de hoje aos forcados, luxação do ombro. Para a dobra saiu o Rui Godinho que esteve perfeito, no cite, a carregar, a reunir e com oportunas e excelentes ajudas do resto do Grupo, como em todas as restantes tentativas em que houve sucesso, nesta noite.
Paulo Paulino “Bacalhau”