A feira taurina de outubro em Vila Franca de Xira iniciou-se com uma novilhada de oportunidade a jovens praticantes a cavaleiros e novilheiros e integrando também a presença do Grupo Forcados Amadores de Vila Franca que fardou os seus mais jovens elementos, os seus forcados Juvenis. Tarde quente e onde a Palha Blanco registou meia casa fraca de um publico que não regateou aplausos aos jovens valores em praça sempre que as coisas saíam bem ou na tentativa de dar ânimo aos jovens atuantes nos momentos menos conseguidos.
Pela frente, um curro de novilhos da Quinta de Mata-o-Demo que não facilitou na lide equestre e consequentes pegas, com apresentação apesar de feios de cara e nada cómodos, de comportamento ou até de córnea, principalmente o baixel bastante fechado saído em segundo lugar.
O primeiro novilho que não facilitou na lide equestre, reservado e nunca colaborando, teve como forcado da cara o jovem Diogo Conde. Não foi a tarde do Diogo e alguma falta de experiência dos jovens ajudas acabou por se manifestar no numero de tentativas com que esta questão acabou por ser resolvida. Na primeira tentativa houve alguma imperfeição a receber por parte do Diogo que não se fechou e chegou já ao 1º ajuda fora da cara, na 2ª já foi tudo bem feito pelo Diogo mas aqui falharam os ajudas, sendo que apenas o 2º ajuda Diogo Grilo compreendeu a trajetória do oponente para a direita do Grupo e aguentou até onde foi possível, tanto ele como o forcado da cara e onde o novilho já tirava a cara do resto do Grupo que ia conseguindo lá chegar. Seguiram-se 2 tentativas sem história e sem sucesso e uma quinta tentativa em que todo o Grupo demonstrou grande atitude, todos estiveram enormes na raça e na vontade de pegar o novilho, mas com este a empregar-se no modo como tirava a cara, por baixo e sempre a fugir aos adversários, numa verdadeira “batalha”. Por fim, numa sexta e esforçada tentativa, o problema foi resolvido com vontade e dignidade, onde espírito de sacrifício e orgulho se sobrepuseram a quaisquer questões de primor técnico.
O segundo novilho da tarde foi um castanho bem apresentado mas sem cara, o tal “cabano” fechado e que também não foi grande colaborante na lide equestre demonstrando sintomas muito idênticos aos que o anterior havia dado. Para a cara foi escalado para a cara o forcado Guilherme Dotti. Citou e provocou uma investida que acabou por vir franca, mas após recuar e na hora de receber o novilho, este “subiu” pelo forcado que foi surpreendido na imperfeição desta reunião de cima abaixo, acabou por ficar com o braço direito “trancado” no corno esquerdo do toiro e culminou vencido e sem hipótese de se redimir já que sofreu uma lesão no cotovelo, impeditiva de prosseguir e que lhe custará alguns meses de recuperação. Rápidas e francas melhoras ao Guilherme é o que se deseja. Para a dobra, saltou o Pedro Silva. O Grupo não quis facilitar mais e encurtou distâncias, o Pedro esteve sereno e eficaz na cara do oponente, foi bem ajudado e acabou por se consumar a pega nesta 2ª tentativa.
A aprendizagem de um qualquer forcado também passa por ter de se sobrepor nos momentos mais difíceis e na necessidade de se superar a ele próprio perante as dificuldades surgidas nas mais variadas situações de imprevisibilidade, sendo que a “aula” desta tarde na Palha Blanco foi exímia na demonstração desses fatores.
Paulo Paulino “Bacalhau”