A Palha Blanco abriu pela primeira vez esta época as suas portas para uma corrida de toiros à Portuguesa, após ter adiado a programada data de 3 de Maio, devido a condições climatéricas desfavoráveis. Aparentemente, tratou-se de uma aposta ganha no que toca ao fator meteorológico, bastante mais aprazível para uma tarde de toiros e por inerência mais apelativa à entrada de público, isto apesar de apenas se ter aproximado de meia casa, o que convenhamos, é pouco para um espetáculo em que o principal fator motivador, o toiro, antevia um sucesso quase garantido.
Quem presenciou esta corrida, não saiu defraudado em relação à presença e principalmente ao comportamento do excelente curro de Veiga Teixeira, tratou-se de uma verdadeira corrida de toiros.
Ao Grupo de Vila Franca competia a responsabilidade de ajudar a garantir o sucesso de um espetáculo com esta imponência e neste particular, a seriedade e competência demonstrada em praça fizeram com que este objetivo fosse integralmente cumprido, numa exibição de altíssimo nível, sem quaisquer falhas e principalmente, com muita classe.
O primeiro toiro da tarde, anunciado com 550 Kg possuía uma presença que desde logo provocou aplausos do público mal entrou na arena. O seu comportamento em praça pode-se considerar positivo, com nobreza e a demonstrar sempre o seu poder, apesar de possuir uma investida bastante mais franca ao cavalo do que aos bandarilheiros, mas a empregar-se sempre que era provocado.
Para pegar este verdadeiro toiro de lide, o cara chamado foi o Pedro Castelo. Experiência e conhecimento superior definem a sua atuação em frente do toiro, tardio na investida, garra e verdadeiro espirito de grupo definem a atuação das ajudas nesta pega. Excelente entrada do Tavares a 1ª ajuda, com grande espírito de sacrifício e um verdadeiro bloco sincronizado nas 2ªs e nas 3ªs com uma entrada oportuna do Carlos do Sobral ao rabo. Grande pega a abrir praça, uma lição de como se “sacar” na cara de um toiro em terrenos de compromisso.
O terceiro toiro da tarde anunciado com 535 Kg teve também um comportamento acima da média durante a lide, mais franco a investir para os bandarilheiros do que o toiro inicial, mas ainda assim, havia que ser bem provocado para garantir a franqueza necessária para esta função.
Para a pega, saiu um forcado que regressava à cara de um toiro 10 meses depois de ter sofrido uma daquelas lesões que acabam com a carreira de qualquer forcado. Mas “qualquer forcado” não é seguramente o Ricardo Patusco que é “apenas” uma referência para quem é ou pretende vir a ser um dia forcado. Ele mandou na arena, mandou no toiro e também já em terrenos apertados, sacou-se e trancou-se como só ele faz, aguentou uma viagem na cara, difícil, rente à arena e apesar da excelente e esforçada entrada do Murta nas 1ªs que ingloriamente foi despachado com uma entrada do toiro pelos joelhos, mais uma vez um grande grupo de 2ªs e 3ªs cada qual a saber perfeitamente o que estava ali a fazer e mais que isso, como o fazer, concretizaram com eficácia esta excelente pega.
O último toiro da tarde que coube ao Grupo de Vila Franca, anunciado com 530 Kg e foi o toiro da corrida, em quinto, como refere um célebre “dito” taurino. Não enganou desde o 1º minuto em praça. Transbordou nobreza com investidas francas de 1ª água, uma bravura acutilante, na verdade é difícil conseguir adjetivar na medida certa este exemplar de Veiga Teixeira, tal a quantidade de “bonitos” que demonstrou em toda a lide.
Para um grande toiro, um grande forcado da cara e um grande grupo a ajudá-lo. O Rui Godinho e o Grupo de Vila Franca protagonizaram de modo exemplar a pega deste herói da tarde. A franqueza demonstrada na lide foi empregue na pega, com uma investida fulgurante a atacar para sua defesa, nobre, sem maldade, com tudo o que se pode pedir de um toiro para a pega. O Rui aproveitou tudo isto do melhor modo e tanto ele como o Grupo de ajudas certamente que se deliciaram nesta pega que não deu tempo para pensar a ninguém, apenas para agir, utilizando o instinto de forcado construído ao longo de muitos toiros de experiência no seio dos melhores. Uma pega de “estalo” com cada peça no seu sítio a fechar uma atuação redonda.
A organização da corrida havia colocado em disputa um prémio para a atuação do melhor grupo em praça nesta tarde. O prémio João Diogo Villaverde. O Grupo de Vila Franca acabou por levar este troféu para a sua tertúlia, mas o mais importante é que certamente o João Diogo sentiria orgulho do seu Grupo nesta tarde na sua Palha Blanco e esta foi a humilde mas sentida homenagem do Grupo de Vila Franca a um Grande que continuará eternamente bem vivo no meio de todos nós.
Olé João Diogo Villaverde!
Paulo Paulino “Bacalhau”