Recital de bem ajudar na Corrida das Tertúlias


Decorreu na tarde de domingo, 5 de maio, mais uma Corrida das Tertúlias em Vila Franca de Xira, tendo a centenária Palha Blanco sido preenchida em pouco mais de um terço da sua lotação. Questiono se a parca presença de respeitável nas bancadas da Palha Blanco poderá ter sido por considerarem o cartel pouco apelativo, por puro desinteresse no proclamado duelo (concurso) Ibérico de Ganadarias Históricas ou eventualmente por motivos económicos? Falta de aficion ou quaisquer corridas nas proximidades a dispersar público, não foram certamente os motivos principais.

Ainda assim, a corrida chegou a ter ambiente, a rasgos, mercê das atuações do jovem e “improvável” cavaleiro triunfador da tarde, António Prates, de alguns toiros e da maioria, senão de todas, as emotivas e boas pegas desta tarde a cargo dos Grupos de Lisboa e de Vila Franca de Xira.

No que toca à atuação do Grupo de Vila Franca, presenciou-se uma inegável demonstração da arte de bem ajudar em que sempre que o forcado da cara veio fechado e atravessou a fronteira dos terrenos em que se ajuda, todas as pegas foram verdadeiros recitais de saber estar em praça, da noção perfeita de “sítio” e de um inegável sentido de oportunidade.

Para a 1ª atuação da tarde do Grupo de Vila Franca, calhou em sorte um toiro de Miura que saiu fisicamente condicionado dos currais e acabou por ter de ser trocado pelo toiro Palha que deveria ter saído em quinto lugar. Foi um bom toiro, sério e com aquele caraterístico génio dos toiros provenientes da Adema, nunca se refugiou do confronto e ainda tinha “molho” para dar sabor a uma boa pega. E foi assim. Para a cara deste toiro saltou o Vasco Pereira, cabo do Grupo de Vila Franca, que esteve com bastante perfeição na cara do toiro, com um cite correto e a mandar na investida do oponente dentro dos terrenos adequados para conseguir aguentar a alegrar a mesma, recuou bem e a controlar até à eficaz reunião que o levou de viagem, bem fechado na córnea, pelo grupo dentro. Este esteve eficaz, desde a oportuna entrada do Diogo Duarte a dar voz a todo o Grupo que fechou em cacho um toiro que empurrou forte até à zona das tábuas, mas que não se conseguiu soltar da “teia” onde estava inevitavelmente envolvido. No final, o Diogo foi chamado a acompanhar o Vasco e o cavaleiro Duarte Pinto numa aclamada volta à arena.

A 2ª atuação da tarde para o Grupo de Vila Franca, era suposto ser perante um toiro de António Silva que rompeu a embola com um piton e teve de ser recolhido para se voltar a embolar. Como tal, saiu o sobrero, também proveniente da Adema que teve um comportamento regular, deixava-se lidar, mas nunca “rompeu”. O forcado da cara escalado foi o David Moreira “Canário” que brindou ao valente Francisco Faria que desta vez sofria na bancada, em virtude de estar na recuperação da lesão ocorrida na corrida do Campo Pequeno. O “Canário” esteve correto no cite, carregou e recuou bem perante a investida do toiro que acabou por não se fixar verdadeiramente no forcado da cara e entrou completamente descomposto, de baixo para cima, mas completamente de lado não chegando sequer a haver reunião. Na 2ª tentativa esteve novamente correto, mandou e aguentou a fração de tempo suficiente para conseguir fixar o toiro que desta vez entrou de modo adequado, conseguindo fechar-se com eficácia na córnea após uma boa reunião e voltando a estar o Grupo de ajudas em “modo intocável” a entrar nos tempos certos e com todas as “peças” a funcionarem com uma grande perfeição nesta boa pega.

Para terminar a corrida, a ultima pega a um bastante voluntarioso e nobre toiro castanho de Pinto Barreiros que encerrou a corrida e levou para casa o prémio de Bravura em disputa nesta tarde. Para a cara deste toiro, foi escolhido o forcado Pedro Silva. Após brindar ao André Matos, outro dos valentes que se lesionou no Campo Pequeno e cuja recuperação das “mazelas” ainda não lhe permite estar fardado, fez-se ao toiro com um cite calmo e pausado. Carregou e mandou na investida do toiro que tal como o anterior, também não se fixou no forcado da cara e efetuou uma entrada descomposta numa mangada lateral que não permitiu a reunião ao Pedro. Na 2ª tentativa, voltou a demonstrar os bons modos com que esteve na tentativa inicial, mas conseguiu ser mais proactivo no modo como mandou na investida, já perfeitamente alegrada, e desta vez fixou bem o toiro na figura, reunindo com eficácia na córnea e mais uma vez, correção e eficácia foram as palavras de ordem dos ajudas, fechando corretamente mais uma boa pega.

Paulo Paulino “Bacalhau”

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