Para quem nunca havia estado nas “Feiras Novas” de Ponte de Lima, é difícil estar preparado para tal impacto. Felizmente chegámos no sábado, tivemos o tempo suficiente para nos apaixonarmos por uma festa genuína de gente genuína, o Portugal profundo no seu expoente máximo. Basicamente, esta festa é feita à medida para o Grupo de Vila Franca, toiros à parte, que são apenas o argumento para nos apercebermos destes locais verdadeiramente merecedores dos maiores elogios e que nos fazem sentir que afinal, por vezes vale mesmo a pena “comer” algumas centenas de quilómetros para pegar toiros e passar por estas magnificas experiências nestes recantos onde se atingem os reais limites da diversão. Fazer a “rampinha” é uma experiência que se vive não se conta, logo, para quem não conhece o melhor é planear a ida às “Feiras Novas” do próximo ano.
Mas também houve corrida de toiros no domingo.
Casa cheia, como não podia deixar de ser, com um público entusiasmado e a querer fazer parte do espetáculo que contava com um curro de Canas Vigouroux para o Grupo de Vila Franca pegar o 2º, 4º e 6º toiros. Não se tratou de um curro muito exigente, mas tinha idade e presença suficientes para incomodar se não se estivesse bem na sua frente. O cabo optou por fardar os forcados mais novos na sua maioria, salpicado de alguns dos mais experientes, presságio de uma corrida de oportunidades.
Abriu a atuação uma jovem promessa do Grupo de Vila Franca, o Francisco Faria que esteve sereno na cara do toiro, provocou bem a investida, recuou e recebeu com muita correção e técnica, tendo o restante Grupo fechado a pega com grande eficácia ao 1º intento e destaque para a boa ajuda do “mano” António.
Para a 2ª pega da tarde, o cara escolhido foi o Nuno Vassalo. Foi mais uma excelente demonstração da qualidade que esta também jovem promessa tem apresentado esta época. Aguentou bem a meia investida inicial do toiro, mostrou-se e mandou novamente para consumar numa reunião áspera que sacudiu no meio do Grupo que com muito empenho na dificuldade da aspereza do toiro fechou esta rija pega com sucesso.
Para a última pega, saiu para a cara o Tiago Carranca que iria efetuar a sua estreia a pegar pelos Amadores de Vila Franca. Infelizmente as coisas não lhe correram de feição e uma reunião deficiente evitou o sucesso da pega e acabou por deslocar o ombro pelo que teve de ser assistido na ambulância e posteriormente no Hospital de Viana do Castelo. Saltou para o dobrar mais uma jovem promessa em crescendo, o Gonçalo Filipe. Esteve muito bem, não se intimidando com as circunstâncias nem com o facto de estar a pegar o maior toiro da corrida. Mandou no toiro e conseguiu uma reunião eficaz, tendo sido posteriormente muito bem ajudado pelo restante Grupo. Agarrou deste modo mais uma oportunidade que lhe foi concedida, cimentando o seu crescimento no seio do Grupo de Vila Franca.
Por fim, após um repasto na nossa base, a eloquente Quinta Pedagógica de Pentieiros, lá seguimos para sul na expetativa de um dia regressar a Ponte de Lima e às “Feiras Novas” para voltar a tentar sobreviver á “rampinha”.
Paulo Paulino “Bacalhau”