No sábado 8 de maio, a Palha Blanco abriu novamente as suas portas nesta temporada 2021 para uma corrida que parecia conter os ingredientes necessários para se passar uma boa tarde de toiros. Um aparentemente improvável mano a mano de jovens cavaleiros emergentes, algo pouco habitual no nosso contexto taurino, dois grupos de forcados de reconhecido prestígio e historial onde a qualidade impera e um respeitável curro de Veiga Teixeira, com a seriedade que por norma os toiros desta ganadaria apresentam.
A nível de apresentação do curro, o publico não saiu defraudado, toiros com trapio, grandes caras e a nível comportamental, nota maioritariamente positiva, apenas contrariado pelo 1º toiro da tarde que destoou dos restantes, todos eles a cumprirem os propósitos de bravura para o qual foram criados com realce para o 6º toiro, distinguido numa volta à praça com a porta dos curros encerrada. Merecidos parabéns ao ganadero.
A atuação do grupo de Vila Franca, foi bastante agradável e de nota elevada, com os forcados da cara a não complicar, algo que os Teixeiras por norma não perdoam, e com os ajudas, apesar de uma juventude latente mas madura de atitude, a demonstrarem muita coesão e a resolverem com classe, personalidade, empenho e concentração os desafios que lhe foram apresentados nas 3 boas pegas que protagonizaram nesta tarde. Parabéns ao grupo de Vila Franca pela exibição conseguida.
O 2º toira da tarde com 520 Kg cumpriu em toda a lide, com investidas francas e alegres. Para a cara deste astado, saltou à praça o cabo Vaso Pereira, forcado de créditos firmados, que soube “trabalhar” bem a investida nos terrenos adequados para este toiro que também na pega veio bem ao mando, foi franco e entrou com o Vasco bem alapado na cara, grupo dentro, com entrada oportuna do primeiro ajuda Francisco Calçada, bem secundado pela coesão do resto do grupo.
Para o 4º toiro da tarde o forcado eleito para a pega de caras foi o Pedro Silva. Este forcado de trato simples e perfeitamente enquadrado no espírito deste grupo, deu um verdadeiro tratado de saber o que fazer com o que tinha pela frente. O toiro não era complicado se não o complicassem, era de una grande facilidade de investida pelo que havia a que saber tourear com a calma necessária de modo a não dar primazia de investida sem mando ao toiro. Na pega é o forcado que manda e a dificuldade estava principalmente nesse detalhe. O resto pareceu simples de tão eficaz que foi, mandou vir quando achou e de largo, aguentou e recuou o essencial, tapou a cara ao toiro numa reunião forte e entrou com velocidade pelo grupo dentro com ajuda superior do Diogo Duarte e nivelada por igual na teia montada pelo resto do grupo a não dar hipótese ao Teixeira de se livrar dela, no que deverá ter sido a pega da tarde. Justa chamada à praça para o Diogo, a acompanhar o Pedro.
O último toira da tarde, o toiro triunfador da corrida, teve pela frente como forcado da cara o João Matos. O João brindou a pega a essa lenda viva chamada “Platanito” e logo ali ficou meia pega feita pelo carisma que ele representa para o grupo, para Vila Franca e para a tauromaquia nacional. Na tentativa inicial o João esteve quase a sair-se bem nos intentos, mas faltou sacar-se um passo a mais antes de reunir ficando na cara do toiro mas sem se conseguir fechar, o que não o desfeiteou de imediato já que o João ainda tentou “galgar” pelo toiro, mas já descomposto e completamente fora do grupo ficou sem possibilidade de apoio e a tentativa acabou por abortar logo de seguida. Na segunda tentativa, o toiro sempre nobre na investida e o João já a fazer tudo como deve ser, reuniu com perfeição, fechou-se e aguentou bem as tentativas do toiro de o retirar da cara, algo que não conseguiu já que o grupo, mais uma vez bastante coeso, não o permitiu. Encerrou-se assim em beleza uma boa exibição do grupo de Vila Franca na sua castiça e bonita Palha Blanco.
Depois dos bons modos transmitidos pela corrida do dia anterior, a expetativa criada para esta 2ª corrida era imensa e não foi gorada. No balanço final, a empresa da Palha Blanco apresentou uma feira do toiro digna desse nome, trouxe à “centenária” toiros de verdade de ganadarias com pergaminhos e quando as coisas resultam é de todo justo estender os parabéns a quem cumpriu as expetativas criadas antecipadamente. Como pequeno apontamento de rodapé, julgo que haverá tempo para a empresa poder dar algumas correções ao piso da Palha Blanco até reabrir portas em julho, é algo que este centenário tauródromo necessita e estou certo de que a empresa estará atenta a esse detalhe.
Paulo Paulino