Nova Associação de Grupos de Forcados? Porquê e para quê?


Estou totalmente em desacordo com a ideia da formação de uma nova Associação de Grupos de Forcados em Portugal, não vem contribuir em nada para a defesa dos nossos interesses. Se existe uma maioria de Grupos associados que estão descontentes com a actual Direcção, é muito fácil resolver a situação, apresentam uma lista e concorrem as eleições que já deveriam ter sido realizadas no inicio deste ano, e que só não foram porque ainda não apareceu ninguém a disponibilizar-se para assumir esse compromisso.

Esta é a postura correcta para resolver as situações com as quais estão em desacordo e contribuir para que a A.N.G.F. possa caminhar no sentido de que todos os seus Associados se sintam devidamente representados.

Se pessoas ligadas a alguns Grupos têm medo de falar na Assembleia-Geral da A.N.G.F. é porque não são dignos representantes desses Grupos, além disso todos os Grupos têm o mesmo direito de voto, mesmo aqueles que existem à pouco tempo, pelo que, afirmar de a A.N.G.F. é controlada por um restrito conjunto de Grupos e que apenas defende os interesses de alguns não corresponde à verdade, e é um discurso aplicado com o claro objectivo de tentar criar clivagens que levem ao enfraquecimento da nossa associação.

Muitas das regras definidas pelo regulamento interno foram pensadas para defender os Grupos de menor projecção, dar-lhes a possibilidade de actuarem com o mínimo de condições e não continuarem a ser abusivamente utilizados por algumas empresas que organizam espectáculos tauromáquicos.

É verdade que existe muita coisa a fazer, mas infelizmente não tem aparecido ninguém a apresentar um programa credível com a clara intenção de resolver os muitos problemas que existem e muito menos uma equipa de pessoas a disponibilizar-se para servir a A.N.G.F.. Também é verdade que o facto do novo regulamento não ter sido ainda aprovado, tem adiado a implementação de algumas novas regras que foram introduzidas e que resolveriam alguns desses problemas.

No que diz respeito ao Exmo. Sr. José Fernando Potier, actual Presidente da A.N.G.F., é justo dizer que tem dispendido muito do seu tempo a tratar de assuntos da nossa Associação, não recebe qualquer remuneração, não tem direito de voto na Assembleia-Geral, pelo que já várias vezes teve de aceitar decisões com as quais não concordava, mas mesmo assim não optou pelo caminho mais fácil que seria o de abandonar o cargo. Tem as suas razões para considerar que muita coisa que foi escrita denegria a imagem da A.N.G.F. e é compreensível que se tenha sentido ofendido com várias citações de que foi alvo pelo Semanário Taurino “Farpas”.

Não sou da mesma opinião e por outros assuntos já vi o meu nome e o do Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira envolvidos em polémicas optando sempre por não dar resposta. Talvez tenha uma maior tolerância para com a liberdade de imprensa, mas se entender que esse conceito foi ultrapassado, temos os locais certos para apresentar a devida queixa-crime e serão os Tribunais a avaliar se as pessoas e/ou as instituições foram de alguma forma difamadas.

Na Assembleia-Geral realizada no início do ano de 2008, alguns elementos dos corpos sociais demonstraram vontade em tomar alguma atitude para com o Jornal “Farpas”, mas após alguma discussão, acabou por não ser votada qualquer deliberação. Certamente que neste dia o Presidente da Direcção e outros elementos dos corpos sociais não ficaram satisfeitos, e teria sido de toda a justiça propor e aprovar uma menção de total apoio à Direcção, na pessoa do seu Presidente, incluindo uma citação a forma injusta como o Jornal “Farpas” se tinha vindo a referir a A.N.G.F. e ao seu Presidente.

Talvez este pormenor tivesse ajudado a encerradar o assunto e evitado que as animosidades se tivessem alastrado por mais 1 ano. Mas este episódio é demonstrativo de existir possibilidade de se debaterem os assuntos, e de todos poderem apresentar propostas, caso se opte pela votação será aprovada a deliberação se conseguir reunir a maioria dos votos. Na Assembleia-geral de 2009, o tema voltou a ser abordado e desta vez acabou por ser levado a votação e aprovada a deliberação de os Grupos associados não pegarem a Corrida do Jornal “Farpas”.

Não tenho dúvidas que foi uma decisão errada, até porque a corrida não é directamente organizada pelo Jornal “Farpas”. Mas se queremos uma Associação forte temos de respeitar as decisões deliberadas em Assembleia-Geral, e quando não se concorda ou algum Grupo associado se sente prejudicado pelas deliberações deve utilizar os meios permitidos pelos estatutos para tentar resolver os seus problemas.

Posso acreditar que alguns votaram sem se darem conta do impacto da decisão que estavam a tomar, e que outros possam ter-se deixado levar pela corrente que se foi acentuando à medida que a votação foi evoluindo na sala (facto que o voto secreto poderia evitar), mas ninguém com honestidade pode vir agora dizer que foi por pressões exercidas, ou alegar medo em expressar uma opinião diferente.

Nessa mesma Assembleia-Geral foi colocada à votação a deliberação de os Grupos associados recusarem participar em espectáculos com mais de 2 Grupos com excepção de datas muito especiais. Neste caso os representantes de alguns Grupos já não sentiram pressões e não tiveram qualquer medo em dizer que não concordavam. Claro que neste caso estavam muito mais evidentes os prejuízos, principalmente na redução do n.º de corridas, que praticamente todos os Grupos teriam de se sujeitar.

Não era difícil prever que esta deliberação não iria ser aceite e que se fosse apresentada seria chumbada em Assembleia-Geral. Existindo já decisões definitivas nos Grupos mais conceituados que não voltariam a participar em corridas com 3 ou mais Grupos, ao ser apresentada e recusada esta proposta só veio contribuir para criar mais clivagens na coesão que deve existir na A.N.G.F.. Foi um erro, mas todos devemos aprender com os erros que vamos cometendo.

Como aficionado entendo que a forma encontrada para levar por diante a chamada Corrida do Jornal “Farpas” foi melhor solução para a dignificação da Festa de Toiros e reconheço que cancelar a corrida teria sido mais um factor negativo para a necessária credibilização do ambiente taurino, quer junto do público, quer junto das empresas que ainda acreditam neste meio para promover os seus produtos e a sua imagem de marca.

 É normal que o Director do Jornal “Farpas” se congratule com o sucesso do espectáculo, ainda para mais conseguindo superar as dificuldades acrescidas por não ter a presença de Grupos de Forcados associados na Corrida, mas seria muito mais elegante e positivo para a solução deste diferendo que opta-se por não tentar denegrir a imagem do Presidente da Direcção da A.N.G.F..  Aproveito para enaltecer a postura do Exmo. Sr. Francisco Costa, quando questionado a comentar a polémica situação entre a A.N.G.F. e a Corrida do Jornal Farpas, optou por não fazer comentários, mesmo após o sucesso que o Grupo por si formado alcançou na referida Corrida.

O José Fernando Potier tem sido o rosto da resposta aos anti-taurinos, por várias vezes já lhe transmiti que admiro a sua postura, mas que a mesma é inglória enquanto aqueles que são os profissionais da Festa de Toiros em Portugal e principalmente as principais Figuras não se colocarem à frente do pelotão. O Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira orgulha-se de ter como Presidente da Direcção da nossa Associação, a pessoa que é actualmente o principal elemento na defesa da Festa Brava em Portugal.

Quanto a A.N.G.F. é importante existir mais e melhor discussão das ideias, incentivar o diálogo e concentrar as nossas atenções em temas mais importantes com prioridade absoluta para as questões de segurança.

Vasco Dotti

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