Grupo de Vila Franca em Alcochete, a noite do “Pitó”


A praça de Alcochete e o seu empresário António Manuel Cardoso “Nené” receberam de braços abertos a homenagem ao Forcado Ricardo Silva “Pitó” no 16 de Agosto de 2016, numa corrida incluída na Tradicional Feira Taurina. 

Alcochete sempre foi terra de gente que aprecia e sente o Forcado Amador como poucas e “Nené”, um empresário e Forcado retirado, souberam estar quando foi necessário. São atitudes que enaltecem e definem o caráter de verdadeira “gente dos toiros”.

Uma praça praticamente cheia de gente aficionada, com uma vasta representação de antigos forcados de Vila Franca para além de imensos amigos do “Pitó” individualmente ou agrupados em representação de Tertúlias Vilafranquenses, presenciou um espetáculo que foi valorizado pela imponência dos toiros Canas Vigouroux, quase sempre uns furos acima da respetiva bravura, com alguns momentos de emoção nas lides, nomeadamente uma extraordinária lide a cavalo pelo Francisco Palha e um leque de grandes pegas por parte de ambos os Grupos em praça, Vila Franca de Xira e Aposento do Barrete Verde de Alcochete.

A atuação do Grupo de Vila Franca foi competente e bastante concentrada nas dificuldades inerentes a cada toiro, sendo que a escolha de caras e ajudas roçou a perfeição.

O Cabo, Ricardo Castelo abriu praça a um toiro poderoso que saiu reservado e com força. Apesar de ter estado enorme a citar, carregar muito bem, recuou o suficiente e recebeu bem, acabou desfeiteado numa duríssima 1ª tentativa pelo Canas que literalmente “varreu” o Grupo na viagem até tábuas, depois de uma entrada com sucessivos derrotes que nunca permitiram ao Ricardo fechar-se, nem ao Grupo compô-lo. Na 2ª tentativa, mais do mesmo até à zona das tábuas, com o Ricardo e os ajudas numa permanente batalha de “poder” toiro/grupo, culminando-se esta difícil pega já no regresso do toiro aos médios. Pega esforçadíssima de todo o Grupo e grande moral do cara.

O segundo toiro que saiu em sorte ao Grupo de Vila Franca, um jabonero muito bem apresentado, teve na cara o Francisco Faria. Na 1ª tentativa, foi despachado de imediato com um derrote para o ar facilitado pelo facto do Francisco ter reunido sem evitar a entrada de um piton entre pernas, após o oponente ter ensarilhado. Na 2ª tentativa, recebeu com muito melhor nota e isso valeu-lhe ter aguentado novo derrote forte e compor-se na cara numa viagem até às tabuas que contou com uma entrada oportuna do João Maria nas segundas bem secundado pelos terceiras fechando mais uma excelente pega do Francisco que está um verdadeiro Forcado feito.

Para pegar de caras o terceiro Canas saído em sorte ao Grupo de Vila Franca, saltou à praça o Vasco Pereira. Concentração e garra definem esta pega em poucas palavras. O toiro não era fácil, foi bastante reservado durante a lide e aparentava poder criar dificuldades. A competência do Vasco e seguidamente do lote de ajudas presentes, transformou as dificuldades numa oportunidade ganha de voltar a demonstrar que se trata de um Forcado da cara com recursos positivos inesgotáveis e que os ajudas do Grupo estavam inegavelmente à altura do momento.

Para o final estava guardado o Canas mais pesado, acima dos 600 Kg. e para a cara saltou o Rui Godinho. Apesar do peso, o toiro acabou por ter uma lide em esforço e nunca fez jus à presença física apresentada. O Rui Godinho esteve ao seu (excelente) nível habitual frente ao toiro, fechou-se na cara e não teve dificuldades de maior na concretização desta pega que apesar de ter ido às tábuas, facto normal atendendo ao volume do toiro, foi sempre com os ajudas a cair nos momentos certos, culminando-se assim uma pega de aparente menor grau de dificuldade.

Numa corrida com grande emotividade associada, o público, o Grupo de Vila Franca, todos os restantes intervenientes e os responsáveis pela organização da corrida dignificaram exemplarmente esta corrida de homenagem ao Forcado Ricardo Silva “Pitó”.

Paulo Paulino “Bacalhau”

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