Decorreu neste sábado, 13 de outubro, o 2º Festival da Casa dos Forcados Amadores de Vila Franca de Xira, um dos escassos festivais dedicados a revelar novos valores que vão sendo realizados na tauromaquia nacional.
O público não acorreu com a voluntariedade que se esperava e ansiava, tanto pela necessidade de angariação de verbas para a Tertúlia (Casa dos Forcados) quer pela necessidade de calor humano que estes aspirantes a novos valores necessitam à sua volta. Reparo por vezes nalguns críticos às empresas do burgo pelo facto de haver alguma escassez de espetáculos de oportunidades, mas dos poucos que vi este ano (Salvaterra e Vila Franca) verifiquei que afinal, alguns dos referidos (ansiosos) críticos, nem eles se dão ao trabalho de aparecer. Certamente para eles terá sido mais interessante ir a outra praça ver cartéis repetidos dezenas de vezes ao longo desta época. Mas poucos e bons, 1/4 de casa preencheram a Palha Blanco nesta jornada de oportunidades.
Os forcados Juvenis de Vila Franca, comandados pelo (eterno) Professor Pedro Dotti, iriam ter pela frente 6 novilhos de Palha, que saíram a cumprir e 3 deles com grande presença, 2 mais “montados” e 1 com potencial para entrar em qualquer corrida de figuras consagradas. Pessoalmente considero que nestes festivais não se devem levar novilhos que deem aso a comprometer as atuações de jovens em início de carreira pela imponência da sua presença. No fundo estamos todos para desfrutar e deve haver uma gestão cuidada dos jovens ainda inexperientes que aspiram a ser alguém na festa e não a “queimá-los” com verdadeiros toiros para outros cartéis de maior responsabilidade.
Mas nos grandes momentos o Grupo marca sempre presença e conseguiu uma exibição de alto gabarito a mostrar que o futuro próximo do Grupo de Vila Franca está salvaguardado com jovens elementos de elevado potencial e na linha de atuação que este Grupo construiu ao longo de 8 décadas.
Para o 1º novilho que possuía a presença adequada para este tipo de espetáculo, saiu o jovem Nuno Vassalo que com bastante presença em praça, soube desfrutar da oportunidade e tirar partido do oponente, proporcionando uma bela pega em que os ajudas estiveram bastante coesos na generalidade.
No 2º novilho, um dos exemplares bem “montados” com peso excessivo para esta tarde, recorreu-se a um forcado já mais experiente, embora jovem, o Pedro Loureiro “Falador”, com um Grupo atrás já algo cuidado em experiência, atendendo ás dificuldades que o novilho apresentava. Na 1ª tentativa, faltou templar com maior perfeição, facto que pagou caro e lhe provocou ligeira lesão que não o impediu de se fazer uma 2ª vez ao toiro. Desta vez mandou, provocando bem uma investida que saiu mais franca e bem ajudado pelo Grupo obteve uma excelente pega a um toiro que não era nada fácil.
O 3º novilho, podia ter entrado na corrida da ultima terça-feira noturna sem se dar pelo facto que possuía 1 erva a menos que os restantes, pela presença que apresentava e pelo comportamento de toiro sério que aparentou em toda a lide. Optou-se neste caso pela cernelha com o Ivo Carvalho e o Pedro Henriques, que numa das fugas a uma das fortes investidas do toiro se lesionou no joelho a saltar as tábuas e foi entretanto substituído pelo Gil “Cagaréu”. O toiro nunca encabrestou em condições de proporcionar uma entrada eficaz e após alguns minutos e os respetivos avisos do diretor, formou-se um Grupo para o pegar de caras, com o António Faria como forcado da cara. Foi decidido e valente o António, os ajudas empenharam-se e funcionaram como um bloco que resolveu este problema com a “limpeza” necessária, logo à 1ª tentativa.
O 4º novilho da tarde, possuía a presença necessária para este espetáculo e possuía o comportamento que se espera de um novilho. Para a cara saiu o forcado Francisco Faria. Após brindar ao “mestre” Caló, fez-se ao toiro, sereno e elegante, carregou e recuou como se tivesse anos de pegas, efetuando uma excelente pega logo à 1ª tentativa, com o Grupo uma vez mais, coeso a ajudar.
O 5º novilho, era mais uma “fruta da época” com presença a mais para este espetáculo, mas mais uma vez, não intimidou a atuação dos mais jovens do Grupo de Vila Franca. Para a cara saiu uma das boas revelações desta época, o David Moreira “Canário”. Esteve bem a citar, carregou no momento certo, recuou com os tempos certos para a velocidade da investida do toiro e no meio de um derrote forte a despejar que o toiro lhe deu, teve a alma para se “trancar” com a eficácia que o tem caraterizado. O 1º ajuda Ivo Carvalho esteve imponente na ajuda que deu, até às tábuas onde o resto do Grupo acabou por fechar e continuou a aguentar em bloco o toiro a empurrar praça fora. Grande pega esta do 5º toiro e volta merecidíssima para o “Canário” que contou com a também merecida companhia do Ivo.
Por fim, o 6º novilho, já mais “maneirinho” a permitir que alguns forcados menos experientes pudessem desfrutar nesta tarde. Foi para a cara o Vasco Pereira que conjuntamente com o Grupo, brindou a pega ao “mestre” António Telles. Fez-se ao novilho com bons modos, carregou e recuou bem, mas um imprevisto a receber obrigou a que fosse desfeiteado nesta tentativa. Não se intimidou e “cresceu” para a 2ª tentativa. Com os mesmos bons modos revelados anteriormente, recebeu com perfeição e fechou-se com ganas de ficar na cara do novilho, o que veio a suceder após a pronta e decidida ajuda de todo o Grupo.
No final da corrida, justa chamada dos jovens forcados do Grupo de Vila Franca à praça, onde agradeceram os merecidos aplausos dos aficionados que presenciaram este bem conseguido espetáculo.
Paulo Paulino “Bacalhau”