Numa excelente tarde de calor a Palha Blanco voltou a receber os aficionados para mais uma espetáculo onde os toiros prometiam presença e comportamento. Foi com quase (escassa) meia casa preenchida que a corrida se iniciou e na sua maioria os toiros cumpriram com o esperado, com alguns exemplares a mostrarem que nos campos do Herdade do Pedrogão pasta uma verdadeira ganadaria de toiros de lide plena de atributos, com especial destaque para o excelente exemplar saído em quinto lugar que teve um comportamento de exceção.
Grandes toiros merecem grandes forcados e foi assim que tudo se passou.
No primeiro toiro, nobre de comportamento e sem “feios” de qualquer espécie, a única dificuldade era aguentar a sua pronta investida para poder imprimir algum temple e dar o necessário brilho à pega. O forcado escolhido pelo cabo do Grupo de Vila Franca foi o Pedro Castelo. Usou a sua extensa experiência para chamar a atenção ao toiro sem ele investir no imediato, de modo a ser o forcado a “mandar” na pega. Foi com a mesma experiência que percebeu que já não era possível aguentar mais sem que o toiro arrancasse e tomou a iniciativa de o provocar numa investida de pura nobreza que culminou numa reunião perfeita a “encher” a cara ao toiro, entrando ambos pelo grupo que ajudou num bloco perfeito que inevitavelmente embateu nas tábuas devido à velocidade imprimida pelo nobre oponente. Foi deste modo perfeito que se abriu esta excelente tarde de pegas.
Para o terceiro toiro da tarde, saltou para a cara o Bruno Casquinha. Não se tratava de um toiro com a investida tão franca como o primeiro, seria necessário ir um pouco mais acima para o trazer e foi assim que se passou. Após ter tentado provocar o toiro mais de largo a aproveitar um ténue movimento que antevia uma saída das tábuas mas que não resultou, o Casquinha manteve a mesma postura artística e foi deste modo que após avançar mais alguns passos, carregou no momento certo e desta vez o toiro saiu com grande franqueza para mais uma excelente reunião com a respetiva viagem pelo grupo dentro, permitindo uma entrada muito bem conseguida do Tiago “Salsa” e posteriormente da restante “armada” de ajudas do Grupo de Vila Franca. No final, o público “obrigou” muito justamente o Tiago Oliveira “Salsa” a dar volta com o cara Bruno Casquinha.
O quinto toiro foi uma das figuras da tarde. Já não tinha a frescura física que demonstrou durante a lide do cavaleiro e isso foi preponderante para que o Márcio Francisco o deixasse descansar enquanto citava e criava as condições para que a ultima pega do Grupo de Vila Franca nesta tarde tivesse o brilho que este toiro merecia, tal a nobreza demonstrada. Foi com bastante calma que fez o seu papel, “mostrando-se” ao toiro sem o provocar e no momento certo, mandou, recuou, dobrou-se na cara do toiro como mandam os livros e reuniu com extrema perfeição. Também este toiro entrou pelo grupo dentro que ajudou como sempre, de modo perfeito e apenas a referida falta de frescura física do toiro originou que perto das tábuas, afocinhasse provocando que o Bruno Tavares que dava 2ª ajuda tombasse no solo de um modo desamparado que lhe provocou alguns momentos inanimado mas que acabou por recuperar sem problemas já na viagem para a enfermaria. Foi um momento em que o Grupo de Vila Franca colocou na prática os excelentes ensinamentos que a equipa médica da Palha Blanco chefiada pelo Dr. Luis Ramos havia dado na tarde anterior a esta corrida, de como se deve agir e os cuidados necessários a ter para colocar um forcado colhido na maca e o retirar da arena do modo mais seguro possível evitando assim ao máximo agravar quaisquer lesões contraídas nessa altura. Até nisto o Grupo de Vila Franca passou com distinção.
O Sr. Joaquim “Sevilha” foi o obreiro do excelente jantar que se seguiu, na tertúlia e que decorreu de modo não muito agitado mas com a moral em “altas”. Penso que se no dia seguinte não fosse dia de trabalho para a maioria dos elementos, a agitação também funcionaria com o mesmo nível da moral.
Paulo Paulino “Bacalhau”