
Talvez quase um milhar de pessoas na Palha Blanco para assistir ao festival da polémica. Pouco, muito pouco mesmo para quem ansiava uma resposta eficaz aos detractores da Festa Brava que tudo fizeram para inviabilizar este festival e denegrir os esforços de um conjunto de pessoas que disponibilizaram o seu tempo, recursos e boa vontade em prol de uma atitude nobre. Cartão vermelho aos aficionados Vilafranquenses pela atitude de comodismo transparecida, exactamente na altura em que deveriam ter demonstrado que têm a força necessária para silenciar os radicalismos exacerbados de gente pouco lúcida e nada inteligente mas que apesar dessas limitações, vão ganhando algum terreno nesta cruzada a que se propuseram.
Uma vez dissecados alguns detalhes extra corrida, resta analisar o que sobressaiu nesta agradável noite de temperatura apelativa, relativamente à actuação do Grupo de Vila Franca. Pela primeira vez o Ricardo Castelo saía à direita do seu grupo nas cortesias e virava mais uma página no rico historial deste grupo. Muitas mais saídas repletas de sucesso é o que se espera nos tempos vindouros.
O curro não indiciava dificuldades de maior, já que os pesos e a idade dos toiros se situavam em níveis abaixo do que é usual, mas como sempre, o Grupo entrou preparado e mentalizado para enfrentar quaisquer problemas que eventualmente surgissem. Não houve mesmo problemas de maior e o Ricardo aproveitou para lançar algumas jovens promessas, que de um modo geral cumpriram e estiveram à altura da responsabilidade. A primeira corrida de uma época e a agravante de ser numa praça com o peso da Palha Blanco, é o suficiente para causar alguns índices de ansiedade, mas tal não se notou e os caras e ajudas menos experientes cumpriram com as responsabilidades atribuídas pelo seu Cabo.
No primeiro novilho, uma estreia a pegar nos Amadores, o Jojó esteve decidido na 1ª tentativa, onde tentou aproveitar do melhor modo a investida prematura do oponente, mas tal originou alguma precipitação que inviabilizou que se sacasse com perfeição, escorregando a recuar e perdendo assim esta tentativa. Na 2ª tentativa tudo esteve perfeito excepto a reunião, já que o Jojó não se dobrou o suficiente para uma reunião eficaz. Por fim, a 3ª tentativa foi perfeita e tudo resultou bem, com o Grupo a ajudar com prontidão.
O 2º toiro, apesar de ser algo escorrido de carnes, tinha 5 anos o que por si só é suficiente para ser encarado com uma estratégia já mais séria e foi escolhido um forcado da cara já com alguma rodagem, o Rui Graça. Talvez por ter estado uns meses afastado do activo, o Graça desconcentrou-se na 1ª tentativa e não recuou o suficiente, mas o “contacto” sofrido deve ter sido o suficiente para lhe recordar como as coisas devem ser feitas e na 2ª tentativa cumpriu com perfeição o que lhe era exigido, conseguindo uma bela pega, com o Grupo a ajudar bem.
Na 3ª actuação da noite, o Cristiano Veloso foi escolhido para pegar de caras e embora tenha estado “quase” bem na 1ª tentativa, esta falhou na minha opinião pela pouca rapidez com que se tentou fechar, perdendo um dos cornos do oponente, o que é fatal para quem pega intuitivamente à córnea, como é o caso dele. Na 2ª tentativa rectificou este pormenor e consumou a pega com eficácia e com uma grande “toureria” no modo como citou, carregou e recuou.
O último novilho da noite, acabou por ser teoricamente o mais sério, sem classe nem ponta de bravura e o Cabo optou por um forcado mais experiente e que tem sido bastante eficaz nos últimos tempos que tem sido chamado a pegar, o Flávio Henriques “Moguelas”. Bem a citar, carregou no momento certo, recuou o suficiente e fechou-se com a eficácia habitual, enchendo a cara ao toiro e tirando-lhe qualquer capacidade de reagir através da mansidão que o caracterizava. O Grupo fechou bem nas 2ªs e 3ªs ajudas, consumando assim aquela que terá sido a pega da noite.
Nota positiva nesta noite de oportunidades numa corrida que decorreu com bom ritmo e com algum sucesso artístico por parte dos intervenientes, apenas com o senão do 3º toiro da noite que não tinha “ponta por onde se pegasse” e que calhou em “sorte” ao Procuna.
Paulo Paulino “Bacalhau“