Domingo de Colete Encarnado, uma tarde diferente, única, com um simbolismo que reúne todo o Ribatejo. É daquelas tardes que se olha para a farda de forcado e se mistura o sentimento de “meia ressaca” com o apelo da responsabilidade. Ambos fortes, mas o segundo vence sempre. Dá gosto estar fardado na Palha Blanco no domingo de Colete Encarnado. Dá gosto olhar para o setor 3 e ver toda aquela campinagem reunida a presenciar o melhor espetáculo que lhes pode ser oferecido, uma corrida de toiros no domingo de Colete Encarnado na Palha Blanco. Este ano mais gosto nos deu ver na barreira a nossa madrinha Dona Maria Victória Lopes e aquela quantidade de amigos de Béziers a torcer pelo nosso sucesso. Este ano foi muito bom estar naquela praça com 3/4 de casa a viver aquele ambiente.
Foi bom ver o cabo Ricardo Castelo a pegar o 1º toiro da tarde, após brindar à Madrinha. Saber estar na frente daquele toiro e trancar-se com aqueles modos no meio do derrote no centro da arena é de forcado. grande pega, grandes ajudas, grande começo de tarde de toiros.
Já não foi tão bom ver a pega do Diogo Pereira “Ruço”, mas faz quase sempre parte desta corrida de festa um pouco de “tragédia”. 3 idas à cara do oponente foi o castigo para uma prestação abaixo do que ele pode e sabe. Fica o mérito de não virar a cara à luta, pela “verguenza torera” frente a um toiro bruto.
Voltou a ser bom ver o Márcio Francisco a efetuar uma grande pega. Este forcado tem o dom de criar uma espécie de dificuldade controlada nas pegas que efetua, difícil de explicar, mas que dá gosto ver, isso dá. O toiro pode aparentar ser “a menos” para tanto forcado, mas ele saca mais do que é imaginável poder sacar-se da situação, é o descritivo que me ocorre. Perto de mim 2 bons amigos, também eles forcados mas outro Grupo comentam: “isto é que é mandar num toiro…”.
Uma caraterística desta corrida é o aumento proporcional da tal “meia ressaca” à medida que as horas avançam, principalmente em quem não já não se farda, como é o meu caso.
Foi com este espírito que imaginei que o Ricardo Patusco ía fazer algo que me desse alguma “sacudidela” para aquecer a alma e baixar o nível de ar fresco que já se sentia. Puro engano. A mim é que me apeteceu sacudi-lo. Começou bem com o nosso tradicional brinde aos campinos, teve o benefício da dúvida na 1ª tentativa falhada, mas já não gostei daquela maneira de carregar na 2ª. Mais três castigos, o dele que teve de ir uma 3ª vez ao toiro, o do pobre do Bruno Tavares que tinha caído de cabeça no meio da arena e o meu que acabei por não aquecer. Que saudades que sentia já de uma imperial (ainda estava a seco), coisa estranha.
O Jantar foi mais uma jornada de glória num ambiente luso-francês com a nossa Madrinha a comandar as operações. Mais uma vez acabou o “grupinho da ordem” na tertúlia a esgotar os barris de cerveja que haviam sobrado após 2 noites demolidoras. Agora que a “meia ressaca” estava a acabar é que eram horas de voltar para casa. Que azar o meu. Acho que se devia propor mais um dia de Colete Encarnado, a 2ª feira seguinte…
Paulo Paulino “Bacalhau”