Aproveitando o defeso da época taurina, os sites temáticos vão difundindo alguns aspetos ligados à vivência e aos “bastidores” extra corrida. É com este espírito que o toureio.com tem efetuado algumas entrevistas em género de balanço com os cabos dos diversos grupos de forcados que povoam a festa em Portugal. Calhou ao Ricardo nesta 4ª feira, 16 de novembro dar o seu depoimento alusivo à época 2011 do Grupo de vila Franca e que aqui transcrevemos:
Toureio.com (T) – A temporada está a terminar, que balanço faz à temporada do grupo que comanda?
Ricardo Castelo (RC) – Este ano foi um ano muito positivo do Grupo de Vila Franca. Tivemos corridas importantes e com toiros duros onde o Grupo mostrou uma grande atitude, experiência e coesão a ajudar e ficou provado, mais um ano, as qualidades que definem o Grupo de Vila Franca. Este ano também tivemos a oportunidade de pegar várias corridas televisionadas que são sempre importantes devido à visibilidade que têm e, nos primeiros 10 toiros dessas corridas pegaram 9 forcados da cara diferentes e todas as pegas foram à primeira o que significa que o Grupo tem várias boas opções com a eficiência pretendida para um Grupo como o de Vila Franca. Este ano também foi um excelente ano para o Grupo de Juvenis onde na Sardinha Assada frente a toiros comportaram-se como verdadeiros Forcados e começaram a traçar bem o caminho que querem seguir e tiveram na Feira de Outubro a grande oportunidade de pegar 7 novilhos numa tarde. Apenas como aspeto negativo, este ano, considero o número de atuações pois o Grupo de Vila Franca tem muitas opções e vários jovens a merecerem oportunidades mas, em relação a esta área não controlamos nem entramos por caminhos que não dignificam.
T – Quantas corridas realizou o seu grupo, quantos toiros pegou e quantas tentativas fez?
RC – Realizamos 19 Corridas de Toiros onde pegamos 59 toiros, o que dá uma média superior a 3 toiros por corrida, em 106 tentativas (26 toiros à 1ª; 21 toiros à 2ª; 10 toiros à 3ª e 2 toiros à 4ª tentativa) e 4 novilhadas onde pegamos no total 13 novilhos.
T – Como foi o 2011 em termos de lesões, das ligeiras às graves?
RC – Este ano tivemos a infelicidade de vários forcados sofrerem algumas lesões. As mais graves foram a fratura do maxilar do Márcio Francisco numa corrida da Feira de Outubro, eu parti o perónio e rotura dos ligamentos do pé esquerdo na terça-feira noturna e Luxação da clavícula nos forcados Fábio Coelho e Flávio Henriques. Mais alguns elementos com outras lesões mais ligeiras mas que apenas os impedia de se fardarem sem dores como foi o caso do Emanuel Matos.
T – Quer destacar algum ou alguns elementos do seu Grupo em 2011?
RC – O Grupo este ano destacou-se pelo conjunto e destaco todos os que se fardaram na Feira de Outubro onde pegamos 9 toiros das ganadarias mais duras, na minha opinião, para os forcados. Foi com grande sentido de responsabilidade, de entrega e entreajuda que conseguimos duas boas exibições frente a toiros a pedirem o BI. ao Grupo e onde todos correspondemos com grande atitude. Espero destacar sempre o Grupo e nunca realçar elementos individuais para não perder o verdadeiro sentimento e sentido que nos faz andar cá.
T – Que momento recorda desta temporada pela positiva e pela negativa?
RC – Pela positiva todos os grandes desafios que tivemos a oportunidade de estar presentes e onde as coisas nos correram bem e onde felizmente podia enumerar várias corridas. Pela negativa as lesões que são sempre as fases chatas que passamos no percurso enquanto Forcados no ativo
T – O que ficou por fazer ao seu Grupo neste ano de 2011?
RC – Ficaram mais corridas de 6 toiros por pegar e mais desmontáveis para poder dar mais oportunidades a jovens forcados.
T – Já começou a planear a temporada 2012 para o seu grupo?
RC – Não. Ainda temos a viagem a Fátima de bicicleta e o tradicional jantar de Natal para poder desfrutar, que ainda fazem parte desta época. Nós enquanto forcados e Grupo de forcados não podemos planear muito porque não somos empresários apenas nos metemos em forma e começamos a ganhar contacto no início do ano nos treinos em vários tentaderos de ganadarias que nos cedem gentilmente a bravura de algumas vacas.
T – Para terminar, qual a sua opinião sobre o estado geral da tauromaquia em Portugal e em particular da forcadagem?
RC – O estado geral da tauromaquia em Portugal acho que está de boa “saúde” no que respeita às figuras porque temos artista consagrados ainda em muito bom nível e jovens com grande potencial que garantem a continuidade com qualidade. Em relação aos forcados acho que há grupos a mais e que é facilmente explicado pelo “manobras” que fazem nos bastidores e por não terem a qualidade e experiencia para dignificar o verdadeiro espírito de Grupo de Forcados Amadores quando atuam.