Emoção Real na noite de Salvaterra


Salvaterra de Magos, numa agradável noite de toiros voltou a ser palco de mais uma Tourada Real a qual contou com a honrosa presença da família Real. A praça, como é seu apanágio em corridas bem montadas voltou a encher, o que demonstra o vigor por que passa neste momento a Tauromaquia Nacional sempre que existem motivos válidos, como neste caso, baseados em cartéis apelativos. O Grupo de Vila Franca repartia atuação com o Grupo de Alcochete, frente a um curro proveniente da Ganadaria Alves Inácio.

Os toiros desta noite foram díspares no comportamento e na presença. No caso do trapio, os toiros saídos na segunda parte bateram de longe os da primeira parte que saíram algo escorridos e sem presença. No comportamento, destaque negativo para o primeiro toiro, sem força e sem classe, neste particular igual ao segundo, um toiro sem qualquer tipo de presença e transmissão e o terceiro, um “feio” ao qual sobejava mansidão, reservado e com força, criando forte exigência na lide e na pega. Os restantes, uns melhores que outros cumpriram, com destaque para os dois últimos, sobretudo o toiro que encerrou a corrida, de excelente estampa e com comportamento nobre e bastante voluntarioso.

O Grupo de Vila Franca teve uma bastante meritória atuação nesta noite, vencendo as dificuldades que surgiram, tanto de modo prático como de modo brilhante e com grande categoria.

Para abrir praça como forcado da cara, o Pedro Silva enfrentou o ingrato primeiro toiro ao qual a falta de força criava uma atitude bastante defensiva com investidas curtas e bruscas. Não foi fácil retirá-lo das tábuas e criar um momento de investida “aceitável”, muito menos uma arrancada franca. O pedro teve por 3 vezes de ir a terrenos impossíveis e em duas delas foi “despachado” no imediato com derrotes defensivos para os lados e para baixo, logo na reunião. O grupo subiu e teve de se pegar o toiro em curto, num daqueles momentos ingratos, mas que também fazem parte da vida de um forcado da cara e de um grupo, obrigando a colocar o aspeto prático acima da busca do brilhantismo.

A pega do terceiro toiro da noite foi um daqueles momentos únicos que fazem com que as pessoas vão aos toiros, o sentimento da verdadeira emoção! Como forcado da cara o João Luz e atrás dele mais 7 “leões”, todos prontos para a “batalha” que previsivelmente se antevia. O toiro apoderou-se da arena, ninguém o conseguia colocar e o sentido estava nos forcados. Ao fim de alguns minutos, o João lá conseguiu colocar o barrete e citar a partir dos médios, a aproveitar um momento mínimo em que o toiro se desligou dos forcados, mas que durou pouco. O toiro ganhou asas até à reunião, poderosa, e entrou veloz e com derrotes a bater forte até às tábuas, onde mesmo com o forcado da cara fechado e o grupo a ajudar de modo imaculado, a brutalidade dos derrotes e do querer destruir qualquer oposição por parte do toiro parecia algo incapaz de ser parado. Mas foi, o João nunca se largou da córnea, o grupo imobilizou este adversário com uma eficácia superior à dificuldade dos momentos vividos durante esta pega e a praça em peso, de pé e eufórica, não parava de aclamar os protagonistas deste “brutal” momento. As 2 voltas que o público “exigiu” ao João Luz são o reconhecimento justo para tão extraordinária demonstração de classe e eficácia.

Para pegar o quinto toiro da noite e encerrar a atuação desta noite, o cabo confiou no João Matos para forcado da cara, dando-lhe essa responsabilidade. O João esteve concentrado no cite, carregou e alegrou uma investida que a certa altura se descompôs ensarilhando, mas que o forcado soube aguentar e reunir com muita seriedade e eficácia no modo como se fechou na córnea. Aguentou ainda os derrotes do toiro que, entretanto, desviou ligeiramente a trajetória e obrigou o grupo a ir atacar a terrenos inesperados, consolidando da melhor maneira uma pega vistosa e de grande qualidade técnica.

Esta “corrida” finalizou numa ceia que se prolongou noite fora e que deu azo a mais uma animada e eficaz atuação do Grupo, acompanhantes e convidados, desta vez já fora de praça.

Paulo Paulino “Bacalhau”

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