Não fora a alteração da hora da noite anterior aliado ao inerente “esquecimento” do facto e certamente poderia ter chegado à quente Salvaterra de Magos a tempo de me refrescar uns instantes antes do início da nova época do Grupo de Vila Franca. Oportunidade perdida. Na praça já ecoava o passodoble das cortesias e palmas de algum entusiasmo manifesto no público que quase rondava os 2/3 de praça. Boa estreia para a parceria do Vasco Dotti com Ricardo Levesinho.
Saiu entretanto o jabonero, generosamente arrobado para 3 anos, da ganadaria Canas Vigouroux que tal como o restante curro cumpriu bastante bem, tanto em apresentação como em comportamento.
O forcado escolhido para abrir a época 2012 foi o Bruno Casquinha. Com o seu caraterístico cite artístico e bem pausado, carregou na altura devida, recebeu bem e sem dificuldade. Após deixar o Bruno Tavares estatelado pelo caminho (constava que poderia ter sido a deslocação do ar, eu apostava mais num toque dos pés do Casquinha) as segundas, bem secundarizados pelas terceiras e com entrada oportuna do Carlos do Sobral deixaram o touro vencido numa atitude infrutífera de empurrar contra as tábuas de Salvaterra.
O 3º toiro da tarde, também novilho um pouco menos atleta que o anterior, tocou em sorte a uma das atuais jovens promessas do grupo de Vila Franca, António Faria, numa acertada e escolha do cabo Ricardo Castelo, premiando assim quem sobressai com as atitudes certas nos tentaderos, treinando com afinco e demonstrando vontade e qualidade. Na tentativa de buscar a perfeição, terá eventualmente consentido o toiro até ao limite, o que não sendo comprometedor até poderá ser considerado um bom princípio (atendendo a um dos maus hábitos mais comuns, o chamado “adiantar-se”). Com a mesma limpeza do cara, esteve o restante grupo, cumprindo-se assim mais uma boa pega nesta tarde quente.
O 5º toiro da tarde, para encerrar a atuação do grupo de Vila Franca, um castanho bem apresentado que o cabo destinou ao Rui Godinho. Esteve sempre sereno e concentrado na provocação, consumando uma boa reunião em que a entrada oportuna e eficaz de todo o grupo acabou por ser uma mera formalidade, já que acabou por faltar toiro para tanto forcado.
Alternando com o grupo de Vila Franca, esteve também numa tarde calma e eficaz o grupo de Salvaterra de Magos.
Seguiu-se um jantar animadíssimo e onde marcaram presença, para além dos intervenientes que se fardaram à tarde, os não utilizados do dia e um vasto conjunto de acompanhantes bem composto. Destaco o “Grande” Rafael Trancas, figura emblemática do grupo de Vila Franca nos anos 70/80, valente e eficaz como só alguns predestinados, com quem aprendi muito, partilhei grandes tardes/noites de pegas e que nos deu o prazer da sua presença num jantar do grupo, onde não comparecia, imagine-se, desde 1989.
Paulo Paulino “Bacalhau”