Na edição 24, Outubro de 2011, da revista Contra Barreira, o Grupo de Vila Franca tem honras de destaque com 4 páginas dedicadas ao Grupo. Pelo meio, vem um conjunto de fotos antigas que retratam várias gerações de forcados, um excerto com um pequeno resumo do historial do Grupo de Vila Franca e por ultimo, uma entrevista com o Ricardo Castelo onde se focam vários temas atuais e que transcrevemos na íntegra para o nosso site.
Contra Barreira: Herdar um Grupo com um historial tão vasto como o de Vila Franca de Xira é com toda a certeza não só um grande orgulho, mas também uma grande responsabilidade. Como é que o Ricardo encara esta “herança”?
Ricardo Castelo: Encaro esta “herança” com grande orgulho e com enorme sentido de responsabilidade. Tenho a consciência de que o Grupo de Vila Franca tem um papel importante a defender dentro de praça e queremos em todas as tardes e noites honrar da melhor maneira todos os elementos que deram tudo por este Grupo.
CB: Que momentos mais marcantes têm na memória enquanto elemento do Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira?
RC: Lembro-me de muitos momentos de glória do Grupo, mas os que mais me marcaram enquanto elemento do Grupo de Vila Franca foram sempre os grandes desafios como por exemplo quando pegámos sozinhos os 6 Miuras em 2001 em Vila Franca quando até aí ninguém sabia se isso era possível, quando voltamos a pegar mais 3 Miuras em 2006 com grande segurança e eficácia, quando pegámos 6 Infantes em 2007 na inauguração do Monumento ao Forcado aqui em Vila Franca e nos dois últimos anos no Montijo e na Moita ao pegarmos as corridas dos enormes Campos Peña onde pegamos dois toiros com 705 kg e onde o êxito foi o sentimento de todos ao sairmos da praça.
CB: Também algumas tragédias assolaram já o grupo de Vila Franca, nomeadamente a fatalidade da morte do Ricardo Silva “Pitó” na praça de toiros de Arruda-dos-Vinhos. Como é que encaram estas situações e o que é necessário para que os restantes elementos sigam em frente?
RC: Estas situações nenhum Grupo está preparado para as encarar e só quando se passam por estes momentos é que se questionam muitas coisas e só com a força de um Grupo coeso é que conseguem ultrapassar como fizemos. O “Pitó” faz parte da Historia do Grupo que fazemos questão de relembrar e temos sempre uma corrida a 16 de agosto na Arruda que deveria ser a nossa corrida e a maneira mais justa de o podermos honrar.
CB: Podem orgulhar-se de ter uma das mais antigas Madrinhas de um grupo de forcados, a Dnª. Maria Vitória. É uma figura importante para o vosso grupo?
RC: A Madrinha é uma pessoa muito importante para nós e é muito respeitada e acarinhada por todos. Vai a todas as corridas mais próximas e quando não pode ir está sempre connosco em pensamento. É quem reza por nós em todas as corridas e gosta de todos sem exceção. Iá tem muitas gerações de afilhados e não há nenhuma que tenha perdido o contacto, isto mostra bem o quanto importante a Madrinha é para o Grupo.
CB: É notória a presença de antigos elementos do grupo que sempre acompanham e apoiam o atual grupo em cada atuação. Esse apoio é fundamental?
RC: Ter sempre a presença de antigos elementos do Grupo é importante pois aumenta a responsabilidade e portanto é fundamental. Os antigos elementos têm sempre uma visão muito crítica das atuações do Grupo o que aumenta o grau de exigência e vejo isso com muito bons olhos porque a fasquia está sempre muito alta e também são uma passagem de conhecimentos muito importante para mim e para todos os elementos do grupo.
CB: Como está atualmente constituído o Grupo e que expectativas têm para o futuro?
RC: O Grupo de Vila Franca tem mantido a constituição, ou seja, não há muitas alterações nos últimos anos. Temos 8 forcados da cara que apesar te serem novos têm muitos toiros e muitas épocas no Grupo o que garante muita experiência. Em relação aos ajudas é que tenho refrescado mais apesar de manter a grande qualidade que “herdei” tenho aumentado as oportunidades sem nunca permitir que se baixe o nível neste setor que, na minha opinião é de grande qualidade. No futuro que venham os desafios porque tenho um grupo de jovens que já começam a mostrar alguma vocação e vontade de pertencer a este Grupo.
CB: Em Vila Franca continua a existir o grupo dos juvenis. Tem muitos elementos?
RC: O Grupo de Vila Franca faz forcados com todos os tempos que isso requer e por isso os juvenis farão sempre parte do pontapé de saída para se chegar aos amadores. Temos muitos elementos juvenis que até pegam toiros como aconteceu este ano na garraiada das 2h da madrugada de Colete Encarnado. Nos dois últimos anos tem aparecido uma nova geração de elementos filhos de antigos forcados o que não lhes garante nada em relação a outros mas é um grande orgulho e é bonito ver e tem aproximado ainda mais os antigos elementos.
CB: Que conselhos e palavras de incentivo e otimismo dá aos seus elementos antes de uma corrida?
RC: Tento sempre relembrar o quanto importante é a corrida e que o nosso maior trunfo que temos e sempre tivemos é dentro da praça e temos mais uma oportunidade para o mostrar, bem como umas palavras aos mais novos para agarrarem as oportunidades e para mostrarem se querem continuar a ter a oportunidade de vestir a jaqueta do Grupo têm o momento indicado para mostrarem o caminho que querem seguir e que temos que honrar todo o nosso passado da melhor maneira.
CB: Como vê o papel do Forcado Amador na atual festa de toiros em Portugal?
RC: O Forcados Amador no espetáculo tem um papel fundamental e de grande interesse para todos os tipos de publico. Por ser um interveniente muito admirado tem também um papel cívico muito importante nas cidades que representamos.
CB: Enquanto aficionado, qual acha que seriam as medidas corretas a tomar de forma a garantir o futuro da Festa de Toiros em Portugal?
RC: Em relação ao futuro da Festa de Toiros em Portugal acho que está assegurado e não acaba nem pode acabar. Mas há muito trabalho a fazer para melhorar a imagem e dar a conhecer aos “novos aficionados” o que realmente significa a festa de toiros e para isso é preciso uma melhor preparação de quem tem a oportunidade de defender este espetáculo cultural tão importante para nós. As corridas serem montadas com o maior profissionalismo possível também é uma forma de convidar mais os aficionados.