Compromisso duplo no dia do Pitó


Para todo o grupo de Vila Franca, este é um dia que se vive com a máxima intensidade e saudade. Fazia neste dia dezassete anos que partiu o nosso Amigo e Forcado, Ricardo Silva “Pitó”, numa rija pega à primeira tentativa e na praça de toiros de Arruda dos Vinhos. De realçar os antigos forcados de várias gerações e os aficionados vilafranquenses presentes na bancada, a sentirem como nós que atualmente nos fardamos, a importância que tem para o Grupo, o 16 de agosto em Arruda dos Vinhos. 

Na tarde deste mesmo dia, o grupo atuou na Amareleja, num festival taurino composto pelos cavaleiros António Núncio, Ricardo Cravidão, Manuel de Oliveira, Joaquim Brito Paes e o novilheiro apeado David Noble. Repartimos cartel com o Grupo de Forcados Amadores de Safara. Lidaram-se 4 toiros e 1 novilho, da divisa de Silva Herculano.

Se foi um desafio dividir o grupo, esse mesmo foi superado da melhor forma com uma pega à primeira e uma à segunda tentativa, por intermédio de João Matos e André Câncio, respetivamente. Uma prestação muito digna e na qual foram agarradas as oportunidades dadas, tanto pelos forcados de cara como pelos ajudas.

Na praça de Arruda faziam parte do cartel os cavaleiros Marcos Bastinhas, Francisco Palha e Miguel Moura. Forcados de Vila Franca e de Arruda dos Vinhos, frente a três novilhos e três toiros da Ganadaria do Sr. Eng.º Jorge de Carvalho.

No sorteio calharam-nos dois toiros (1º e 5º da corrida) e um novilho (3º da corrida).  Foi um curro pouco pesado, mas que por isso não deixou de impor a seriedade necessária para a ocasião.

O primeiro toiro em praça saiu com um peso estimado de 490 quilos, teve um comportamento algo incerto na lide, mas que não apresentava problemas de maior. Para pegar este toiro saltou o Francisco Faria. Com a calma e senhorio que o caracterizam levantou o barrete e brindou ao Céu, ao “Pitó” e a todos os que já partiram. Com um cite cada vez mais próprio deixou descansar o toiro, entrou nos seus terrenos, carregou a investida com convicção e suavizou a reunião para uma viagem sem desvios pelo grupo adentro, com todos os ajudas entrarem nos tempos certos, resultando numa pega muitíssimo completa, ao primeiro intento.

O segundo do nosso lote tinha o peso anunciado de 435 quilos. Mostrou desde cedo pouca qualidade na lide e muito ímpeto na passagem pelos capotes. Foi escolhido o forcado Pedro Silva, que brindou ao antigo cabo Jorge Faria. À semelhança de alguns momentos desta temporada faltou-lhe uma ponta de sorte, para consumar a pega. No entanto o Pedro esteve irrepreensível tecnicamente, com uma calma e uma alma gigante, para vencer aquela guerra.  Ao fim de três duras tentativas e com o grupo pronto e voluntarioso atrás dele, pegou-se o terceiro da ordem.

O nosso terceiro e último da noite foi anunciado com 465 quilos. Revelou-se ao longo da lide por apresentar qualidade nas investidas, rompendo na passagem pelo capote, mas ficando um pouco tardo no final da lide. David Moreira “Canário” saltou com a classe e vontade habitual para pegar este toiro, brindando a pega ao público presente na praça. Deixou-se ver cá de trás com tranquilidade, mandou e carregou quando sentiu o toiro pendente de investir, fechando-se numa córnea segura. Durante a viagem e no meio do grupo, o toiro desviou a sua trajetória, mas a concentração e pronta entrada do grupo não permitiram facilidades, encerrando assim à primeira tentativa a atuação do grupo.

Marcámos assim mais uma atuação, no caminho da construção e consolidação que temos vindo a percorrer durante esta época taurina. 

Olhamos para o Céu e pensamos no “Pitó”, seja no 16 de agosto em Arruda como todos os dias que entramos em praça. Este que é o exemplo da entrega máxima e do sacrifício sem limites. Levamos-te no pensamento. Continua a olhar por nós.

Vasco Pereira

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