Como enfrentar uma locomotiva…


Na segunda-feira 18 de Agosto, em Samora Correia, passou uma locomotiva. Peso acima dos 600 Kg, muita pata, manso e com arrancadas traiçoeiras, uma enorme vontade de sair dos apertos e não olhando a meios para tal. Esta verdadeira locomotiva era da ganadaria António Silva (tal como os restantes lidados nesta noite), foi o primeiro toiro da noite e calhou em sorte ao Grupo de Vila Franca. Sorte madrasta… Que o diga o Ricardo Patusco que após uma primeira tentativa em que aguentou a entrada dura e os derrotes suficientes para poder ser considerada a pega da época, com o toiro a semear ajudas pelo chão á medida que avançava, não aguentou um último derrote, fortíssimo de cima para baixo junto ás tábuas. Este era impossível aguentar… infelizmente. Na segunda tentativa, as coisas não correram bem, o Patusco recebeu mal, pese embora o toiro não tenha humilhado minimamente, fazendo a viagem fechado apenas num braço e tentando recuperar o outro, mas sem sucesso, já que o toiro o “despachou”, autenticamente, já perto das tábuas, onde, não satisfeito, ainda maltratou 2 ou 3 forcados, antes de sair em fuga para o meio da praça. Após se ter apoderado da praça durante toda a lide a cavalo, estava nesta altura completamente vitorioso. O Patusco saiu lesionado, tendo-se verificado posteriormente que havia fracturado o externo. Mas o toiro tinha um problema maior que ele próprio pela frente, já que quem o enfrentava era o Grupo de Vila Franca. Foi com este espírito que o Pedro Castelo dobrou o seu colega, para “comer” o opositor e fazer uma excelente e duríssima pega, aguentando a entrada violenta (recuou o ideal e retirou parte da dificuldade da reunião), viajando muito bem fechado até ás tábuas, com uma estrondosa primeira ajuda do Emanuel Matos “Manu” e onde apesar dos ajudas terem posto a “carne no assador”, não foram suficientes para parar o opositor. Ainda assim, o Luís Cagaréu acabou por ser o primeiro a recuperar e acabou por ser fundamental na resolução deste problema, já que fez o peso suficiente para o toiro não conseguir fazer o mesmo que havia feito ao Patusco tendo logo de seguida o grupo fechado e conseguido finalmente vencer esta verdadeira batalha.

Um toiro pegado à Grupo de Vila Franca, com concentração, vontade e espírito de sacrifício.

A nossa segunda e última pega foi efectuada pelo Márcio Francisco. Desta vez um toiro mais suave e menos pesado que o anterior (550 Kg). Mas nem por isso se facilitou, embora se tenha dado vantagem ao toiro, como deve ser. Bem no cite, carregando na altura certa, aguentando e recuando bem, fechou-se com a eficácia que tem sido característica deste forcado. O Grupo acabou por ser também furado pela entrada do toiro, mas houve sempre alguém a pôr a mão e na zona das terceiras ajudas, o bloco acabou por fechar com êxito esta pega e uma noite dura para o Grupo de Vila Franca, principalmente pelo que havia passado no primeiro toiro.

Os grupos alternantes cumpriram bem, tendo o Grupo de Alcochete pegado (bem) apenas o 1º dos seus toiros já que o 2º se inutilizou aquando da colocação para a pega e o Grupo de São Mancos, também cumpriu o seu papel, efectuando as suas 2 pegas, tendo sentido algumas dificuldades na 1ª, mas sem grandes percalços na 2ª.

Os cavaleiros, acabaram por brilhar o que os toiros deixaram, ou seja, pouco, perante um público entusiasta que esgotou a desmontável de Samora Correia.

Paulo Paulino “Bacalhau” 

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