Balanço do 1º terço da época 2009


O Colete Encarnado de Vila Franca marca, por assim dizer, o inicio da época forte da Tauromaquia Nacional. Esta época, não tem sido a mais profícua em número de corridas para o Grupo de Vila Franca. Há várias teorias para tal situação, de compreensão discutível, mas na verdade, os factos são estes.

Triunfadores indiscutíveis do Campo Pequeno em 2008, quer a nível de actuação de Grupo quer a nível individual, com a fabulosa pega do Márcio ao Pégoras no final da época passada, é de certo modo incompreensível o quase ostracismo a que o Grupo foi condenado esta época no Campo Pequeno. Não ficaria nada mal uma corrida de 6 toiros para o Grupo triunfador da última época, mas aparentemente, há “valores” mais altos que a actuação em praça que sai literalmente sobreposta pelos ditos “valores”. Enfim, seja “política”, sejam critérios, não deixa de ser estranho e completamente descabido de sentido tal atitude.

A tudo isto, junta-se a pouca coerência na atitude de alguns empresários, já não me refiro á defesa da “dama” deles, atitude perfeitamente legítima, mas mais a atitude de evitar confrontos com a referida “dama”, atitude essa nada legítima e demonstrativa do fraco carácter de quem o pratica.

Ainda assim, o Grupo de Vila Franca chega a este ponto com 5 corridas e 1 garraiada para os mais novos, com um saldo artístico muito positivo e cientes de que o Grupo respira saúde e está preparado para demonstrar no resto da época esta afirmação: “O Grupo de Vila Franca não está a ser devidamente valorizados por elementos com responsabilidade na Tauromaquia Nacional”.

Após o dilúvio de Mourão no início de Fevereiro, que retirou ao Grupo de Vila Franca a possibilidade de estreia na época em curso, esta acabou por ser efectuada na Marinha Grande, com uma actuação regular, já referida em crónica anterior neste site. Os caras nessa corrida foram o Rui Godinho, Pedro Henriques e Bruno Casquinha, a dobrar o Nuno Comprido “Fura” que saiu lesionado no ombro. Seguiu-se o esperado confronto com os Pégoras em Vila Franca, na Feira do Cavalo, corrida em que o Grupo deu uma indicação clara de tudo o que atrás escrevi, com uma actuação de grande nível, com 3 pegas á 1ª tentativa e as ajudas a demonstrarem que uma pega é feita por 8 elementos, não apenas pelo cara. Nesse dia foram á cara o Ricardo Castelo, Diogo Pereira “Ruço” e o Márcio Francisco. Na “insonsa” corrida TV deste ano em Coruche, defrontámos 3 toiros ao nível da corrida e aí, apesar de as coisas terem corrido dentro da normalidade, não houve “matéria prima” para grandes exibições. Os caras nessa noite foram o Bruno Casquinha, o Ricardo Castelo (esta pega á 2ª tentativa) e o Ricardo Patusco. Em Torres Vedras, o Vasco Dotti resolveu dar oportunidades e se foi de certo modo bem aproveitada a do Rui Godinho, apesar de ter sido efectuada á 2ª tentativa, a do Ivo Carvalho já não o terá sido. Andou perdido nesta sua estreia, algo perfeitamente compreensível por ser uma estreia a pegar um toiro, mas que não se deverá repetir nos mesmos termos. Acredito que o Ivo irá repensar o modo de estar frente aos toiros em praça e certamente irá dar razão às pessoas que confiam nele. A fechar a noite o Pedro Henriques fez uma excelente pega, ao nível a que habituou os aficionados que conhecem o seu potencial. A Sardinha Assada foi o espectáculo seguinte, com uma extraordinária exibição do Grupo de Juvenis, a demonstrar que o Professor Pedro Dotti continua a fazer a sua “magia” quando descobre e lança alguns dos futuros talentos para os Amadores. Para comentar esta actuação, cito um site taurino que referia “O triunfo foi inquestionável. Os mais jovens elementos dos Forcados Amadores de Vila Franca de Xira, mostraram que está assegurado e bem entregue o futuro deste grupo. Pegaram com galhardia e muita determinação, tendo sido caras António Faria à segunda tentativa e Alexandre Carolino, Cristiano Veloso e João Marques todos ao primeiro intento”. Quem lá esteve e viu, sabe perfeitamente que estas palavras são merecidas. Finalmente chegámos á ultima actuação do Grupo de Vila Franca até ao momento, o Domingo de Colete Encarnado. Foi uma corrida excelente, não só para os forcados, também para o restante cartel, com destaque para o Sanchez Vara e para o extraordinário toiro Falé Filipe que lidou na sua 2ª actuação. Os caras nesse dia foram o Vasco Dotti, a mostrar como se faz um cite e um temple correctíssimos, carregando apenas na altura certa para sacar, na minha opinião, a pega da tarde, o Diogo Pereira “Ruço”, que mesmo não mandando, esteve muito bem em tudo o que fez em Praça e por fim o Paulo Conceição numa excelente pega, á córnea e não á barbela como é seu hábito. É bom ter redundâncias eficazes e sendo um forcado já experiente, tirou partido desse factor. Os ajudas nesta tarde estiveram a um nível elevadíssimo mas sem querer desrespeitar nenhum deles, foco o Emanuel Matos “Manu”, um forcado aparentemente sem grandes recursos físicos, a demonstrar que a vontade, técnica e intuição são superiores a quaisquer dotes físicos.

Segue-se então o 2º terço da época, o chamado “prato forte” em que o Grupo de Vila Franca tentará aproveitar do melhor modo, para continuar a demonstrar a quem de direito o seu valor real.

Paulo Paulino (Bacalhau)

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