O atrevimento desta minha prosa é uma insignificância em relação à importância do assunto que aborda.
A Arte de pegar touros, é um rasgo artístico, sui generis e tão nacional como a própria nacionalidade – no seu valor -, é coisa briosa e desinteressada de motivação material, ademais, é a representação da alma e raça do povo lusitano.
A insignificância, repito, em analogia ao secular tema e, em concordância com o meu sentir a Portuguesa e longe do romantismo das almas velhas, como as dos indigestos fundamentalistas que se dizem defensores dos animais, aqueles que são traídos pelos processos manhosos mas, criados por eles próprios e, então notados, os que a franqueza os irrita ou lhes põe os nervos em franja a par das suas desesperadas maneiras que os deixam sempre comprometidos; já a temática em causa é querida por todo o patriota em geral, por todas as camadas sociais e políticas, independentemente do critério dos vesgos políticos opcionais mal intencionados.
O que poderão eles fazer para desmentir esta realidade? Como será possível a pusilanimidade sobrepor-se à razão e à fortíssima influência que esta Arte tão nobre, reconhecida e admirada por esses continentes fora? Estou-me a referir ao homem que abraça o touro e quanto mais, poderá sair diminuído! Somente.
Por experiencia própria, o FORCADO, onde quer que vá é a glória viva de um povo que na história deu cartas: como os descobrimentos, sobretudo; mas também na Ásia ou, se preferirem os caríssimos leitores, nas Américas e até no resto da Europa, o pegador de touros torna-se vedeta dentre toda a comitiva toureira. É o porta-bandeira numa marcha tão longa, digna, honrosa e reconhecida há séculos – a par de algumas ocupações nacionais, inclusive o 25 de Abril, quando muitos preferiram bandeiras estrangeiradas, encarniçadas e nada ortodoxas, emblemas gravados sustentando ferramentas agrícolas e industriais, ou outras borrascas… lá estava o português fardado de jaqueta de ramagens, calção de anta, cinta justa e vermelha, sapatilhas de salto de prateleira, gravata encarnada – ou preta, no caso do luto, que por vezes é pelo próprio companheiro que morreu na arena -, e barrete verde; lá estava e está, disponível e repleto de orgulho.
Eu também sou português – antes de… e depois.
A virtuosidade do belo, a criatividade, o vigor que se demonstra, a robustez que se caracteriza, a adrenalina que se reclama e, o estoicismo que se investe é um quadro vivo e muito considerável a impressionar sentidos, tanto, que o torna coisa única em todo o mundo – coisa única, mais o México e a Califórnia por onde vão medrando algumas ramificações, o que nos dá imensa alegria.
Qual a profissão, desporto ou arte necessita de assistência hospitalar tão frequente como o brioso FORCADO? E isto, enquanto a tragédia supressiva não se assume e, para que conste, é este o mais vitimado quer em traumatismos, quer em mortes, desde sempre! Quando alguém cumpre um cargo honrosamente fora de portas fronteiriças, é a Pátria que se regozija.
Quantas obras literárias, cancioneiros, músicos, poetas, pintores, recitadores, oradores, cineastas, pensadores e filosóficos ao longo dos tempos têm exaltado o FORCADO por expressa determinação, por orgulho nacionalista, por paixão à causa.
Todas as honrarias e popularidade adquiridas pelos heróicos rapazes que protagonizam aquele feito, merecem o respeito dos deuses… e, por que não dos cultores da nação ou, da própria humanidade!
Poderá ser, não direi o contrário, que os sapientes e engenheiros da cultura considerem esta proposta coisa menos válida porque a validade está no abstracto e, não no protagonismo dos valorosos rapazes então, há que estimar a própria Arte de pegar em detrimento dos protagonistas, que são os FORCADOS, procura-se honrar a cultura e o conjunto de processos pelos quais, a inteligência humana ao longo dos tempos vem superando com resultados práticos ou, dignificando a totalidade de processos que constituem a nobreza e herança social de um povo e ainda, se preferirem os leitores, diligenciando a qualidade moral da raça e da função em geral.
Este ano, numa felicíssima atitude patriótica foi proposto o secular FADO a Património Cultural e Imaterial da Humanidade, segundo a convenção da UNESCO. A vizinha província espanhola da Estremadura fez o mesmo (mais de uma dezena de municípios) em defesa da sua secular tauromaquia. Nada mais bem feito.
Estando esses eventos realizados e conseguido o propósito, quem e o que mais poderá responder à mesma chamada e apresentar uma tão merecida candidatura. Quem… alguém me dirá?!
Vamos pois, fazer força pela vitória do FADO e de outras de racional condição, posto isto, unirmo-nos noutro preceito: chamar a crítica, a imprensa falada e escrita em geral, reclamar aos grandes da Cultura Nacional e a quantos, os das tubas da intelectualidade e de outros títulos honoríficos, como ciências politicas e de social importância para se esmerarem e, se alardearem de patriotismo.
A verdadeira grandeza moral está em combater a hipocrisia e exaltar o meritório – meritório, é a eleição da Arte de pegar touros à unha a Património Cultural e Imaterial da Humanidade.
Jesus Lourenço