Alma Maior na Praça Maior


A empresa “Praça Maior” demonstrou que quando um conjunto de vontades fortes e aliadas ao conceito de qualidade se unem na execução de um objetivo comum, não há impossíveis, e se a praça de toiros Celestino Graça estava em estado moribundo, julgo que tal já foi ultrapassado. Quase uma dezena de milhar de pessoas, na sua larga maioria aficionados, responderam ao repto da empresa e também deram o seu contributo para ajudar a revitalizar este importante tauródromo na resposta a um projeto diferente em muitos aspetos do que normalmente se vê no nosso panorama empresarial taurino. A primeira palavra que advém ao resultado do que se passou desde o manifesto inicial deste projeto até ao que decorreu neste domingo, é: Parabéns!!!

O Grupo de Vila Franca teve a felicidade e a honra de colaborar na concretização de uma pequena parte deste projeto, participando na corrida inaugural desta nova era da praça de toiros de Santarém e foi com um espírito de seriedade, competência e compromisso que se perfilou em praça numa corrida que se dividiu em várias vertentes no que concerne às suas intervenções.

A atuação desta tarde, no que toca ao Grupo de Vila Franca iniciou-se com o novo Cabo, Vasco Pereira a saltar para a pega do 2º toiro da tarde e a brindar ao Grupo de Vila Franca que “atuava” na bancada. Perante um toiro Cunhal Patrício anunciado com 470 Kg, sem qualidade, que procurou invariavelmente refúgio em tábuas e que andou sempre arredado da tomada de iniciativa nos confrontos, o Vasco ainda tentou provocar uma investida algo franca na tentativa inicial. Não foi possível, acabou por ter de pisar os terrenos do toiro e apesar de lhe ter conseguido fixar a investida dentro do possível, sacando-se superiormente e reunido do mesmo modo, não conseguiu evitar ser despejado já a chegar à zona de intervenção do 1º ajuda numa altura em que o toiro se defendeu baixando a cara e pisando o forcado da cara em mais uma clara e eficaz tentativa de defesa na fuga à luta. Na 2ª tentativa, o cenário não se modificou no que toca à vontade do toiro responder à provocação. A técnica empregue pelo Vasco foi nos mesmos termos, igualmente de nível superior e a prontidão e eficácia dos ajudas não permitiu que o fugidio oponente voltasse a ter sucesso, consumando-se deste modo a pega inicial do Grupo de Vila Franca.

O quarto toiro da corrida que acusou 560 Kg e era de Veiga Teixeira, teve como forcado da cara o Rui Godinho. Não tendo sido um toiro particularmente bravo, cumpriu sem aparentar dificuldades superiores, a sua seriedade e postura apontava para ser pegado por um forcado que soubesse tirar partido do melhor que o toiro possuía, não complicando, e a escolha no Rui revelou-se perfeitamente acertada. Mandou na altura que achou oportuno, o toiro respondeu e após uma reunião correta, fechou-se numa córnea que durou praticamente até às tábuas com o toiro a empurrar um cacho de ajudas bem fechado e que soube responder ao desafio com a mesma eficácia do forcado da cara, numa pega imaculada e tecnicamente bem conseguida em todas as vertentes.

A ultima pega da tarde (já noite), teve como protagonista na cara o Francisco Faria que brindou, merecidamente, à empresa “Praça Maior” que criou as condições para esta grande tarde de toiros. Este último toiro, de Cunhal Patrício que acusou 510 Kg, era tudo menos fácil. Sério, a responder com investidas algo irregulares e por vezes pejadas de “feios”, normalmente baixando demais a cara e procurando de modo brusco “dar” no adversário. Na tentativa de pega inicial, o Francisco conseguiu uma investida que lhe deu alguma margem de manobra, o toiro entrou-lhe aos joelhos, mas apesar disso o cara trancou-se com uma vontade extraordinária e foi com esse espírito que aguentou uma barbaridade de fortes derrotes de um toiro que fugira ao Grupo, praça fora, e acabou por se livrar do Francisco, ingloriamente, uma fração de segundo antes do Grupo conseguir recuperar. Logo se percebeu que este toiro era dos que coloca um Grupo de forcados em sentido. Na segunda tentativa, o toiro ainda mais “abroncado” exigiu que o forcado da cara entrasse em terrenos plenos de compromisso. Apesar de tudo o Francisco esteve extraordinário a sacar-se e a receber, voltou a fechar-se com as mesmas ganas e o toiro no mesmo comportamento de “bater” forte, não perdoou a falta de eficácia na resposta dos ajudas que não conseguiram escolher os terrenos adequados para intervir face às dificuldades que o toiro demonstrava. O forcado da cara acabou por ter de ser retirado da arena, bastante maltratado. Quando já se preparava uma terceira tentativa com outro forcado da cara, o Francisco saiu da maca e voltou para completar o que iniciara. Isto é atitude, isto é raça de Forcado! A terceira tentativa foi uma batalha toiro/Grupo em terrenos curtos com o toiro a tentar tudo para se livrar da teia onde estava envolto, sem sucesso. Uma pega duríssima com um valor extraordinário, sentindo-se que toda a praça estava com o Francisco. São atitudes destas que definem o que é um verdadeiro Forcado.

Mazelas à parte, o Grupo de Vila Franca esteve à altura face às dificuldades, competente e soube honrar os seus pergaminhos numa corrida exigente que correspondeu às expetativas e que faz antever uma temporada que se espera ser preenchida de grandes corridas e desafios importantes.

Paulo Paulino “Bacalhau”

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