Na passada quinta-feira, dia 16 de Junho o Grupo de Forcados de Vila Franca de Xira teve a oportunidade de pegar 6 toiros no Campo Pequeno, algo que já não acontecia desde 1999. Nos últimos anos, o nosso grupo tem tido boas atuações, fruto da experiência e diversidade de forcados da cara, da grande coesão dos ajudas e eficiência do nosso rabejador (“rabo d’Ouro”)! Como resultado disto temos sido destacados como o melhor Grupo, eleito pelos cabos de forcados (algo que devo referir, pois são pessoas que percebem do que votam e sem outros interesses). Assim, um desafio desta importância já era esperado por mérito próprio!
Desde que foi apresentada a corrida, notou-se grande entusiasmo e apoio de antigos elementos do grupo, familiares e amigos onde quero referir o extraordinário trabalho do Carlos Leonardo que se disponibilizou a reservar os 204 bilhetes, comprar e entregar. Assim escrito parece fácil, mas foi algo que certamente lhe ocupou bastante tempo e lhe trouxe algumas chatices que só passa por elas quem tem a atitude de se comprometer em fazer!
Passando à parte séria, que tive a sorte e privilégio de acompanhar por perto. Fui ao sorteio com o cabo, Ricardo Castelo que estava apreensivo com a responsabilidade que tinha pela frente e consciente que não havia grande margem para erros. Os toiros não desapontaram nada, conforme se esperava estavam bonitos e aparentemente sérios, como é apanágio dos Toiros Canas Vigouroux. Para complementar, o Grupo de Vila Franca tem no seu ADN as características necessárias para estes desafios.
A partir das 19h os elementos do Grupo começaram a chegar a casa do Carlos Leonardo que também disponibilizou a sua casa para o Grupo se fardar. O ambiente estava calmo, notava-se a responsabilidade dos mais velhos e a inconsciência dos mais novos que querem ser forcados. Após a decisão do cabo, fardaram-se aqueles que o cabo entendeu que iam fazer parte da grande noite do Grupo.
No início da corrida, quando vi o Ricardo Castelo, Ricardo Patusco, Carlos Silva, Tiago Oliveira (Salsa), Bruno Tavares, André Matos, Emanuel Matos e Rui Godinho nas cortesias, pensei, vai ser uma noite de GRUPO! E não me enganei em nada…
Saiu o primeiro Toiro, um toiro grande, com alguma seriedade e a maior dificuldade era por ser o primeiro de 6. O cabo (Ricardo Castelo) decidiu, e bem, que numa corrida destas devia dar a cara e mostrar ao Grupo que não está ali para se defender. O toiro não meteu bem a cara, mas a experiencia nestas alturas faz a diferença e, por isso, conseguiu recuperar a cara ao toiro seguido de grande oportunismo do grupo a ajudar. Assim começou a intervenção dos Forcados de Vila Franca.
O segundo toiro, um toiro sem mau génio, mas daqueles que pede grupo! Foi escolhido o Francisco Faria, forcado com pouca experiencia mas com grande vontade em vingar e isso, teve esta responsabilidade na fase de forcado em que está. No meu entender esteve bem no brinde, no cite e na maneira como recuou e recebeu o toiro, mas este era daqueles que apesar de não ter más intenções, tinha força e não admitia erros. O Francisco fez bem o papel dele mas folgou um pouco na cara do toiro e algumas hesitações fizeram com que levasse um derrote no queixo e ficasse inconsciente. Mas como este Forcado não estava ali para se defender, recuperou e foi ao toiro novamente com a mesma atitude. Desta vez, ele continuou bem e o grupo a ajudar não deu hipótese ao toiro.
Penso que a decisão tomada pelo cabo no terceiro toiro foi a base do grande sucesso do Grupo de Vila Franca. Um toiro que não tinha muito poder mas não admitia erros, por isso foi escolhido um forcado com muita experiencia e que estava ali para mostrar porque já é um forcado de referência – Rui Godinho. Esta pega pareceu fácil, mas só assim foi porque o Rui esteve muito bem no cite, provocou bem a investida, reuniu de forma exemplar e aguentou o primeiro derrote até o Salsa e os restantes ajudas e rabejador entrarem. Assim, após a segunda pega em que houve algo menos bom, o Grupo continuou com a confiança que necessitava para terminar a corrida em GRANDE.
No que diz respeito ao quarto Toiro, este era bravo e não tinha más intensões apesar de também não admitir grandes erros. Foi escolhido outro jovem forcado – Vasco Pereira – que tem sempre mostrado a atitude certa e só assim se pega no Campo Pequeno com 18 anos. Brindou e citou com calma, suavizou bem o momento da reunião, reuniu como mandam as regras e o grupo ajudou com a eficácia que nos habitou, com destaque para o Salsa (1ª ajuda) e os segundas ajudas (André Matos e Bernardo).
O Quinto toiro, o Toiro mais sério da corrida para os forcados. Toiros destes exigem grandes forcados e por isso o Ricardo Castelo escolheu um que dispensa apresentações – Ricardo Patusco. Um forcado daqueles que qualquer cabo teria gosto de comandar pela sua disponibilidade, experiencia e eficácia. Tínhamos pela frente um toiro sério que podia complicar, mas o Patusco aproveitou bem a investida pronta pelo toiro e trouxe-o para dentro do grupo. Assim, quando este se apercebeu já tinha um grupo de HOMENS a pará-lo e que não lhe deram hipóteses de fazer mal. Pareceu fácil, mas estava aqui um problema para resolver.
Nesta altura já havia um sentimento diferente, o nosso Grupo tinha 5 toiros pegados de maneira exemplar e ainda faltava um toiro para acabar bem a corrida. Mais uma vez, o cabo foi pela sua intuição e convicção formada pela atitude mostrada pelo Canário desde o início dos treinos e não falhou em nada. Perante um toiro com 600 kg, apensar de não ser um forcado muito experiente esteve exemplar na maneira como citou, suavizou o momento da reunião e como se agarrou. O grupo ajudou bem, mas mesmo assim quando os ajudas caíram ainda sobrou toiro e forcado da cara que foi muito bem ajudado pelo Carlos Oliveira que foi bastante oportuno pela maneira como entrou a ajudar – finalizando a pega da noite.
Ao longo da descrição das pegas realcei alguns nomes, mas existe outro que não me consigo esquecer – Miguel Moura Pinto, mais conhecido por Bazuca! Veio de França de propósito para estar ao lado dos seus amigos neste grande desafio do Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca. Atitude de louvar!
De seguida, depois de um desafio desta Natureza e do brilhantismo da atuação do Grupo de Vila Franca, o jantar tinha tudo para correr bem. Impressionante e interessante como a forma de estar do grupo de Vila Franca se mantêm e fico contente por saber que existe continuidade de um grupo de jovens que apesar de tudo SÃO AMIGOS!
Pedro Castelo