A batalha de Moura


Moura é sinónimo de grandes amigos, terra de boa gente e também de grandes forcados.

Chegados no calor da tarde, deparámos com a envolvente procissão das festas de Nsª Srª do Carmo, um momento de sentimento único que se vive uma vez por ano em Moura.

O título desta narrativa, a “batalha de Moura” não decorreu na praça de toiros, como seria previsível, foi num jantar épico onde acabou por prevalecer um disputadíssimo empate técnico entre os Grupos de Vila Franca e de Moura. Jorraram muitos hectolitros de líquidos inebriantes que nem assim serviram para acalmar os valentes e impiedosos guerreiros que se empenharam em disputar o troféu da batalha que acabou por ter de ficar guardado no cofre, para uma próxima oportunidade (nova batalha). Todas as estratégias de ataque/defesa/contra-ataque/contra-defesa esbarraram nas táticas bem definidas pelo Grupo oponente e por vezes as bárbaras investidas das hordas de guerreiros roçaram o termo “massacre” para ser razoavelmente adjetivadas. Qualquer semelhança com algo que se aproxime da realidade naquelas horas ali vividas (e sobretudo bebidas), é pura ficção.

Mas também houve 6 Teixeiras em praça para ser pegados. Ambos os Grupos estiveram ao seu melhor nível e as pegas foram cumpridas com qualidade e valentia. Certamente os mais de 4/5 de casa que presenciaram esta corrida, deram por bem empregue o tempo e saíram agradados com o bom espetáculo que lhes foi proporcionado nesta noite.

Pelo Grupo de Vila Franca, na 1ª pega da noite, o cabo Ricardo Castelo foi à cara do toiro e esteve impecável em todos os aspetos. Após carregar, recuou muito bem, recebeu e fechou-se do mesmo modo na cara do toiro que na passagem pelo centro da arena se “afundou” ligeiramente no piso e acabou por passar um piton para o meio das pernas do Ricardo e virar ligeiramente a trajetória para a direita, mas o cara bem fechado, contou também com uma soberba ajuda do Manu e posteriormente da rápida chegada do restante Grupo que consumou deste modo uma boa pega.

Na 2ª pega da noite para o Grupo de Vila Franca, foi à cara o Bruno Casquinha. Precipitou-se um pouco quando carregou prematuramente e teve de adotar um plano B no cite, ou seja, entrou já em terrenos de compromisso e reduziu o espaço de manobra para se sacar convenientemente. Talvez por isso, na entrada do toiro teve de aguentar 2 derrotes para cima, o que conseguiu sem problemas de maior, até à chegada do Grupo que esteve mais uma vez ao seu melhor nível e com uma boa primeira do Salsa.

A 3ª pega da atuação do Grupo de Vila Franca, coube na cara ao Rui Godinho que mostrou que continua em forma. Esteve muito bem em frente ao toiro e após receber teve de aguentar o afocinhar do oponente, novamente na zona do piso deteriorado do centro da arena e aguentou assim parte da viagem. Quando o toiro levanta a cara para despachar o Rui que vinha já um pouco pendurado, o Ivo caiu-lhe cirurgicamente em cima e não deixou que o cara se descompusesse, o que originou o tempo necessário para que o resto do Grupo voltasse a fechar mais uma boa pega que acabou por encerrar mais uma excelente atuação do Grupo nesta mini Tournée.

O João Luís “Pantufeira” foi um dos pilares do Grupo de Vila Franca na sua época de forcado no ativo, agora retirado, continua a ser importante para o Grupo noutras áreas. É um dos melhores anfitriões do Grupo quando este visita a sua terra, está-lhe no sangue e mais uma vez, nada faltou na logística desta presença do Grupo de Vila Franca em Moura. Acerca do jantar (ou “batalha de Moura”) já se falou no início e agora as saudades vão crescer até à próxima visita que espero seja em breve, pese embora nos tenham chegado lendas a contar que 2 dias depois da batalha ainda deambulavam uns quantos guerreiros perdidos e com uma sede insaciável em busca do ansiado troféu pelas estreitas ruas de Moura.

Paulo Paulino “Bacalhau”

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